Proprietário do Rana Plaza vai ser acusado pelo homicídio de 1135 trabalhadores

Investigação sobre o desabamento de edifício no Bangladesh que alojava fábricas que produziam roupas para grandes marcas ocidentais.

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Sohel Rana, o proprietário do edifício AFP
Homem com foto de uma das vítimas soterradas no desabamento do edifício
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Homem com foto de uma das vítimas soterradas no desabamento do edifício Andrew Biraj/REUTERS
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O Rana Plaza ruiu completamente REUTERS

As autoridades do Bangladesh anunciaram que vão acusar por homicídio o proprietário do edifício do Rana Plaza, o edifício de nove andares onde funcionavam várias fábricas têxteis que trabalhavam para empresas ocidentais e que desabou há um ano, matando 1135 trabalhadores.

As autoridades do Bangladesh anunciaram que vão acusar por homicídio o proprietário do edifício do Rana Plaza, o edifício de nove andares onde funcionavam várias fábricas têxteis que trabalhavam para empresas ocidentais e que desabou há um ano, matando 1135 trabalhadores.

Várias marcas europeias e internacionais de renome, como a Benetton, Mango, a irlandesa  Primark, a americana Walmart, o Carrefour francês ou mesmo a sueca H&M compravam produtos fabricados nestas instalações dos arredores de Daca.

Sohel Rana, proprietário do edifício, está entre as 40 pessoas envolvidas neste processo, o pior acidente industrial alguma vez registado no país, anunciou o investigador principal Bijoy Krishna Kar à agência francesa AFP.

“Pretendemos que seja imposta a acusação de homicídio a Sohel Rana e aos restantes 39 réus”, disse Kar, acrescentando que esta acusação é punível com a pena de morte. As acusações devem ser endossadas pelo tribunal.

Rana foi preso poucos dias após o desastre de 24 de Abril de 2013, a poucos quilómetros da fronteira com a Índia, no Oeste do país, enquanto tentava fugir.

Rana, um membro da Liga Awami (Partido de centro-esquerda do Bangladesh), tornou-se o inimigo público número um após o colapso do edifício de nove andares. Os sobreviventes da tragédia relataram que Rana, algumas horas antes do acidente, forçou milhares de funcionários a continuarem a trabalhar, apesar dos avisos dos funcionários que alertaram para as notórias fendas nas paredes.

O pai de Rana, co- proprietário do prédio, e cinco outros líderes de fábricas têxteis que operavam no edifício, também foram acusados de ignorar os avisos dos seus funcionários.

Segundo os investigadores, engenheiros e inspectores deram luz verde para o uso da propriedade sem a terem inspeccionado correctamente, e por consequência serão também acusados.

Entre os arguidos há um espanhol, David Mayor, que não encontrava no Bangladesh no momento em que a tragédia ocorreu e que, para evitar a prisão, nunca mais retornou ao local , disse o chefe da investigação, Habibur Rahman.

Rahman anunciou ainda que a investigação já se encontra “substancialmente concluída”. As autoridades queriam terminar a investigação no “primeiro aniversário da tragédia, em 24 de Abril”. Contudo, o investigador não adivinha tarefa nada fácil, já que “o processo é gigantesco”. No entanto, mostra-se confiante e espera “solicitar as acusações já no próximo mês”.

Ao longo do processo foram investigadas entre 900 a 1000 pessoas, incluindo sobreviventes e testemunhas do desastre. Existem “provas irrefutáveis ?da irresponsabilidade e ganância” dos proprietários do edifício, disseram as testemunhas.

Após a queda do Rana Plaza, foram inspeccionadas 1500 fábricas de têxteis financiadas por cadeias de vestuário, atentando evitar novas tragédias. Várias fábricas foram mesmo encerradas desde então.

O Bangladesh é o segundo maior exportador de vestuário do mundo: o sector têxtil representa cerca de 80% das exportações anuais, no valor de 27 mil milhões de dólares e emprega quatro milhões de pessoas, a maioria mulheres.

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