Quem quer vir gravar um disco?

Os Dazkarieh planeiam entrar em estúdio em Setembro. Até lá, estão a convidar os fãs e interessados a participar no financiamento do disco

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Rita Carmo

O “crowdfunding” está na moda. O conceito pode definir-se por financiamento directo e colectivo, aplicado em projectos de índole política, comercial ou artística. No campo das artes, Amanda Palmer é a recordista, até agora. Pediu ajuda para gravar um disco e, pouco tempo depois, tinha mais de um milhão de dólares, directamente colocado na sua conta pelos próprios fãs. A ideia não é nova, mas o poder da rede dá nisto e o “crowdfunding” fez-se grande. Em Portugal, há quem esteja agora a arrancar com este tipo de financiamento.

Quando me marcaram, em Março de 2011, uma entrevista com os Dazkarieh, não tive problemas em confessar que não os conhecia de lado algum. Desconfiado, agarrei no CD que acompanhava o “press release” e pu-lo no leitor. Foram 40 minutos mágicos. Dias depois, durante a conversa com dois elementos da banda, tornei-me fã e (melhor ainda) amigo dos Dazkarieh.

Por isso mesmo, Vasco Ribeiro Casais, mentor da banda, acedeu imediatamente a falar-me do projecto de gravação do próximo disco do grupo. "O nosso primeiro contacto com o 'crowdfunding' surge com a promoção que os Protest The Hero fizeram para financiar o seu álbum. Pensei logo que os Dazkarieh teriam de preparar algo do mesmo género". Até porque, antes deste próximo disco, os anteriores álbuns dos Dazkarieh foram pagos pelos próprios músicos. Desde 2012 para cá, e tentando contrariar essa tendência, muito trabalhinho com muita ideia original pelo meio tem vindo a ser levado a cabo.

Os Dazkarieh planeiam entrar em estúdio em Setembro. Até lá, estão a convidar os fãs e interessados a participar no financiamento do disco. Qualquer pessoa que doe uma maquia para o álbum receberá uma generosa recompensa. A oferta de um disco autografado e o bilhete duplo de entrada para o concerto de apresentação do álbum são coisas já habituais nestas andanças, mas o grupo liderado por Joana Negrão e Vasco Ribeiro Casais sabe cativar o seu público. O “fã fanático” pode assistir às gravações em estúdio se apoiar a banda com 75 euros. O “fã louco” que agarre em 300 euros para oferecer aos Dazkarieh até pode participar no disco. Mas bom bom é o prémio para o “fã do c*ralho”: um concerto privado em sua casa e um jantar com a banda e um disco autografado e uma “t-shirt” e direito a participação no álbum e entrada gratuita em todos os concertos da tour e tudo e tudo e tudo, pelo módico donativo de mil euros.

Então mas, ó Vasco, e se o financiamento não correr bem? “Pode acontecer, mas os fãs que não se preocupem. O disco será feito na mesma, mas com menos recursos. Não é isso que nos vai travar de fazer a nossa música.” Assim é que é falar.

É difícil achar coisa mais certinha que esta: o retorno de um apoio destes é garantido e acaba com os intermediários. E ideias destas demonstram que vale mais a pena pagar por um álbum antes da sua gravação do que esperar que poise nos escaparates. No fundo, tudo não passa de uma questão de “timing”.

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