Software envelhece-nos dezenas de anos em menos de 30 segundos

Projecto da Universidade de Washington leva menos de meio minuto para envelhecer a cara de um bebé até aos 80 anos.

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Na imagem isolada está a fotografia real de uma criança, nas que estão em pares, à esquerda está a imagem progressivamente envelhecida pelo software, e à direita a imagem real da pessoa com a idade correspondente Universidade de Washington

E se em menos de 30 segundos conseguíssemos saber como vai ser a nossa cara aos 80 anos? Uma equipa de investigadores da Universidade de Washington quis descobrir como era possível fazer essa viagem no tempo de forma rápida e criou um software que pega numa fotografia de um bebé e a transforma progressivamente até chegar à imagem que terá quando for octagenário.

Ira Kemelmacher-Shlizerman, Supasorn Suwajanakorn e Steven M. Seitz, investigadores no departamento de Ciência e Engenharia da Computação da universidade, tinham um desafio: envelhecer fotografias de crianças muito novas a partir de uma única fotografia.

Para analisarem os efeitos do envelhecimento criaram uma enorme base de dados com imagens de pessoas de várias idades. Para isso recorreram ao Google – o motor de busca e a Intel apoiaram este projecto – e pesquisaram fotografias onde existisse uma referência à idade da pessoa. Dividiram as fotografias por idades, entre os 0 e 100 anos, e criaram 14 grupos com intervalos de idade. Para cada um desses grupos reuniram cerca de 1500 fotografias.

A necessidade de reunir vários milhares de imagens deveu-se ao facto de durante a vida a nossa cara se ir transformando, tornando-se difícil prever como irá ficar dentro de 10, 20 ou 30 anos. Através de uma espécie de "média" das caras com a mesma idade e sexo, o software calcula as alterações faciais entre grupos etários à medida que a pessoa envelhece e utiliza as alterações registadas na construção da cara de uma nova pessoa, agora mais envelhecida.

Em seguida, o programa determina o ajustamento pixel a pixel entre os milhares de fotografias tendo em conta a idade e género dos grupos. Um algoritmo encontra depois uma correspondência entre as médias de cada grupo e calcula a variação média da forma e da aparência facial entre as idades. Estas alterações são depois aplicadas a uma nova fotografia de criança para prever como irá ser nas idades seguintes, até chegar aos 80 anos, explica a Universidade de Washington.

Já com as imagens do “futuro” criadas, os investigadores compararam-nas com as fotografias de 82 pessoas reais que foram fotografadas ao longo dos anos, desde criança. Foi depois pedido a pessoas escolhidas de forma aleatória que identificassem a fotografia com a idade correcta para cada exemplo de faixa etária.

Segundo o projecto, as pessoas escolheram as imagens progressivamente envelhecidas com a mesma frequência que as imagens reais. “Quando mostrámos imagens de uma fotografia de uma criança que foi envelhecida e uma fotografia da mesma pessoa em idade adulta, as pessoas foram incapazes de identificar qual das fotografias era a verdadeira”, lembra Steven M. Seitz, um dos investigadores do projecto.

O software de envelhecimento progressivo automático pode ser usado em qualquer computador e leva cerca de 30 segundos a gerar resultados para uma cara. A equipa pretende em breve actualizar o software e dotá-lo da capacidade de trabalhar melhor a questão da etnia e da aparência, como aperfeiçoar o branquear dos cabelos e criação de rugas.

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