Vasco Lourenço diz que os capitães não vão à sessão do 25 de Abril no Parlamento

Presidente da Assembleia da República tinha dito, horas antes, que se os membros da Associação 25 de Abril só aceitavam participar na cerimónia evocativa dos 40 anos da revolução se pudessem usar da palavra, o problema era deles.

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Vasco Lourenço recebe quarta-feira a presidente da Assembleia da República Daniel Rocha

O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, respondeu nesta quinta-feira à presidente do parlamento dizendo que "o problema está resolvido" e que os militares de Abril não irão à cerimónia. "A senhora presidente da Assembleia da República disse que o problema é nosso. Sendo assim, o problema está resolvido, não estaremos presentes", afirmou Vasco Lourenço, à Lusa.

A presidente da Assembleia da República afirmara horas antes que convidou a Associação 25 de Abril para estar presente “e só” na sessão solene comemorativa da revolução, e que se os militares impõem a condição de falar "o problema é deles".

Confrontada com a condição de usar da palavra imposta pelo presidente da Associação 25 de Abril para que os militares de Abril estejam presentes na sessão solene, Assunção Esteves respondeu: "O problema é deles".

Vasco Lourenço disse não querer responder "à letra" porque "poderia ser indelicado". "Posso dizer que fui surpreendido pela forma como tomei conhecimento da posição da Assembleia da República através de uma declaração da senhora presidente", disse Vasco Lourenço.

O presidente da Associação 25 de Abril disse que estará presente na homenagem a Marques Júnior, uma iniciativa da Assembleia da República.

Vasco Lourenço tinha afirmado na quinta-feira que aguardava uma resposta da presidente da Assembleia da República sobre a condição de usar a palavra na sessão solene do 25 de Abril, que impôs para os capitães participarem na cerimónia, de que estão ausentes há dois anos.

"A senhora presidente da Assembleia da República fez-me um convite telefonicamente, eu disse quais as condições em que nós iríamos, ela ficou de nos dizer alguma coisa, ainda não disse", afirmou na quarta-feira Vasco Lourenço aos jornalistas, à margem da apresentação do livro de Manuel Alegre País de Abril.

Questionado sobre as condições, o presidente da Associação 25 de Abril reiterou que se trata de os militares de Abril usarem da palavra na sessão solene no plenário da Assembleia da República.

Vasco Lourenço sublinhou que esta não é "uma atitude anti-Assembleia da República", frisando que os militares de Abril participarão em outras cerimónias do programa das comemorações, nomeadamente a homenagem a Marques Júnior, militar de Abril e deputado, falecido no ano passado.

No ano passado, a Associação 25 de Abril voltou a não estar presente na sessão solene comemorativa do aniversário da revolução de 1974, como aconteceu em 2012, por considerar que o actual ciclo político está contra os seus ideais e valores. Então, em comunicado, a associação justificou a decisão por considerar que "a linha política seguida pelo actual poder político deixou de reflectir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa" e que "o poder político que actualmente governa Portugal, configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores".

A Associação sublinhava que a sua ausência da sessão solene não visava "as instituições de soberania democráticas, não pretendendo confundi-las com os que são seus titulares e exercem o poder".

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