Cartas à Directora

Foi uma boa luta

Existe uma expressão inglesa que eu escolhi para retratar os últimos cinco anos da vida de Manuel Forjaz, um empresário e professor que combateu um cancro do pulmão: "one hell of a fight". Foi uma boa luta, desigual, diabólica, mas também foi por isso que ele se tornou num símbolo de resistência à doença, uma fonte de inspiração e alento para quem descobre este diagnóstico. Forjaz, tal como Thoreau, tal como todos nós devíamos fazer, "sugava todo o tutano da vida" como se fosse o último, com vigor, nesta existência efémera em que todos os problemas, as discussões, se tornam redutoras.

Emanuel Caetano, Ermesinde
 

Ucrânimeia

"Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar", e quando a noite cai, deitamos-nos depois de quase tudo interrompido, com uma pergunta a bailar na boca, numa nuvem de som "kalinca", algo perturbadora, talvez provocadora, que nos interroga: quantos ucranianos há na Ucrânia para além de Kiev, onde são mais os ucranófonos de que russófonos, mas sem certezas? E quem e quantos são os que se rebelaram na capital contra o Governo legal, primeiro aceite e depois rejeitado, saído de acto eleitoral livre, observado internacionalmente, com aperto de mão dado e acordado com assinatura reconhecida? E a mando de quem transformaram aquela parte da nação numa praça obscura de carvão a arder, preso a um sinal de avançar suspeito, e continuaram a chamar-lhe Praça da Independência, ocupada e incendiada por "Banderistas e Maidanistas" pró ilusório mundo do Ocidente e da UE? Imaginam eles, impondo o seu propósito, alcançando os seus objectivos, teimando na violência do sangue e das ideias de que nós europeus com governos pró-americano, súbditos do capitalismo desumano, vivemos em fortuna e não em sistemas políticos mentirosos, enganadores, que nos roubam a liberdade e o pão, e nos mergulham na pobreza e na miséria sem happy end à vista, que destruiu o bem do passado, nos sufoca o presente e hipoteca o futuro? Perseguem eles um Estado assim? E na Crimeia, agora de regresso ao colo da mãe natural, quantos e de onde são os que a querem para si? Russos na maioria e de facto, que a entendem como sua numa união de terra e língua, lágrima e sangue, e que mão estrangeira intervém camufladamente, a querer desmanchar o laço e desfazer a história de uma grande nação, numa velha e continuada tentativa de a fazer implodir desde há muito e que se chama Rússia. Que podem esperar os ucranianos da UE e dos EUA, senão iguais carências às nossas, europeus, que gelam de frio e de medo, sem tecto nem trabalho, sem saúde e escola, de qualidade? Que podem esperar os ucranianos bem perto de si, senão uma árvore e uma corda, um abandono ou a companhia de uma seringa carregada de veneno e de demagogia sob acordos com aperto de mão e assinaturas reconhecidas, repetidamente, e sem qualquer efeito para melhor, na vida do povo? Que será que eles vêem, ouvem e lêem, que os fazem ignorar toda esta realidade? Quem corre a avisá-los para que não se deixem arrastar para a armadilha do Ocidente? Eu pus-me já a caminho!

Joaquim A. Moura - Penafiel 

 

O PÚBLICO ERROU

O título da manchete e do texto publicado segunda-feira na página 2, onde se referia que o Governo quer duplicar o transporte de mercadorias nos portos e ferrovia com o Plano Estratégico dos Transportes e Infra-estruturas, induzia em erro. O aumento estimado para o sector portuário é de 50% e de 40% para o ferroviário. Ao mesmo tempo, há dois erros no texto. Onde se escreveu que o aumento de TEU é para 4,4 milhões, deveria constar 3,3 milhões. No caso dos turistas nos cruzeiros, deveria constar 1,3 milhões e não dois milhões.

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