Israel rejeita negociar com palestinianos "a qualquer custo"

Conselho de Ministros israelita considera que Autoridade Palestiniana pôs em causa o acordo desenhado pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

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Benjamin Netanyahu: "Os palestinianos violaram o fundamento dos entendimentos que foram alcançados através da intervenção dos EUA" Gali Tibbon/Reuters

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, diz que Israel está disposto a manter-se à mesa de negociações com a Autoridade Palestiniana, mas avisa que essa vontade não irá manter-se "a qualquer custo".

Depois de o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ter dado a entender que o seu plano para um acordo de paz no Médio Oriente está à beira do colapso, já era esperado que o Conselho de Ministros israelita se pronunciasse neste domingo sobre o assunto.

A principal queixa de Telavive é o facto de a Autoridade Palestiniana ter procurado o reconhecimento da Palestina junto de 15 organizações internacionais na última semana, uma medida que viola os princípios do acordo desenhado pelo secretário de Estado norte-americano em Julho de 2013.

"Ao fazerem isso, os palestinianos violaram o fundamento dos entendimentos que foram alcançados através da intervenção dos EUA", afirmou Benjamin Netanyahu no final da reunião de Conselho de Ministros, prometendo responder a todos os passos da Autoridade Palestiniana que considere serem contrárias ao espírito do acordo, sem concretizar.

Do outro lado da mesa de negociações, a Autoridade Palestiniana responde que apenas tomou a decisão de procurar o reconhecimento da Palestina porque Israel se recusou a libertar uma quarta e última leva de 26 prisioneiros palestinianos no dia 29 de Março – outra condição prevista no acordo proposto por John Kerry.

Mas o primeiro-ministro israelita diz que é a decisão palestiniana que põe em causa o processo de paz: "Eles só vão conseguir ter um Estado através de negociações directas, e não através de proclamações vazias ou medidas unilaterais, que apenas vão tornar mais difícil a assinatura de um acordo de paz", afirmou Benjamin Netanyahu.

"Estamos dispostos a prosseguir as negociações, mas não a qualquer custo", concluiu o primeiro-ministro de Israel.

O enviado especial dos Estados Unidos, Martin Indyk, deverá reunir-se neste domingo com as duas partes, numa tentativa de salvar o que ainda resta das negociações, depois de John Kerry ter manifestado a sua frustração.

Israel exige que a Autoridade Palestiniana reconheça o seu país como um Estado judaico e continua a construir colonatos nas zonas ocupadas da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental (uma política considerada ilegal pelas Nações Unidas).

Em finais de Novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU aprovou, por larga maioria, a integração da Palestina como membro observador, contra a vontade de Israel e dos Estados Unidos e com uma histórica abstenção da Alemanha. Portugal foi um dos 138 países que votaram a favor e apenas nove se opuseram, para além de 41 abstenções.

Na semana passada – depois de terem considerado que Israel violou o acordo promovido pelos EUA, ao não libertar um último grupo de prisioneiros –, a Autoridade Palestiniana procurou o reconhecimento e a assinatura da Palestina em 15 organizações e acordos internacionais, entre os quais a Quarta Convenção de Genebra, que se refere à protecção de civis em tempos de guerra.

Depois destes últimos desenvolvimentos, o secretário de Estado norte-americano afirmou que está na hora de ambas as partes "acordarem para a realidade". Disse que "há limites para o tempo que os Estados Unidos podem dispensar, se as partes não querem dar passos construtivos para seguirem em frente".

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