Rui Rio defende programa cautelar para evitar “ir de peito às balas”

Social-democrata considera que o contrário de uma saída limpa significa “mais segurança” para os mercados.

Foto
Rui Rio Fernando Veludo/NFactos

O economista Rui Rio (PSD) defendeu esta sexta-feira que Portugal deve “sair da troika” com um programa cautelar porque isso significa “segurança” e é “bem mais prudente do que ir de peito às balas”.

“Para mim é evidente que é muito melhor sair com um programa cautelar. Parece-me bem mais prudente do que ir de peito às balas”, afirmou o ex-presidente da Câmara do Porto, em declarações aos jornalistas à margem de uma intervenção sobre os 40 anos do 25 de Abril na escola secundária de Penafiel.

Para Rui Rio, “o simples facto de os mercados saberem que Portugal pode recorrer a uma linha de financiamento se as taxas de juro dispararem, por si só não deixa as taxas de juro dispararem”.

Alertando que a palavra limpa “já foi escolhida justamente para parecer que a outra [a saída através de um programa cautelar] é suja”, Rui Rio sustentou que, neste caso, “o contrário de limpo quer dizer com mais segurança”.

“O exemplo do barquinho à deriva no oceano é um pouco o que pode acontecer a Portugal quando for para os mercados com uma dívida maior do que há dois anos e com um crescimento económico débil”, observou.

Admitindo que “Portugal vai para os mercados numa situação de alguma fragilidade”,o social-democrata diz preferir que o faça “com alguma força”, que “seria dada” pelo programa cautelar.

Questionado sobre a possibilidade de o Governo fazer mais cortes nos salários ou em pensões, o economista admitiu ser difícil “equilibrar todos os factores”, mas foi peremptório a defender “uma estratégia de crescimento económico”.

“Temos de ter uma estratégia de crescimento económico, porque se ele não disparar não há outro remédio senão fazer cortes. Mas, fazendo cortes, o crescimento ainda atrofia mais. Isso é um equilíbrio dificílimo de fazer. Parece-me evidente que a aposta tem de ser no crescimento e quando falamos nisso estamos a falar das exportações e do investimento, e dentro destas estamos a falar do investimento estrangeiro”, destacou o ex-presidente da Câmara do Porto.

Para Rui Rio, estas são as peças em que é preciso “mexer, não para evitar mais cortes, mas para relançar tudo e dar melhores condições de vida às pessoas”.

“Temos de conseguir equilibrar todos os factores. As medidas que têm sido impostas aos portugueses têm sido brutais, nomeadamente aos funcionários públicos e pensionistas mas também ao sector privado. Por outro lado, Portugal continua com défice público, continua a gastar mais do que tem e a dívida continua a aumentar”, vincou.
 

   





Sugerir correcção
Comentar