Marques Guedes: "Os empresários, portugueses ou angolanos, terão de ir ao leilão"

PS diz que é preciso fazer um inventário das pinturas e estudar eventual classificação antes do leilão em Londres.

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Marques Guedes lembrou que existe um “contrato firmado” com uma leiloeira internacional Reuters

O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, lembrou esta quinta-feira que eventuais interessados na compra da colecção Miró terão de demonstrar o seu interesse no leilão da mesma.

“Se houver empresários, sejam portugueses, angolanos, de qualquer outra nacionalidade, que tenham interesse – e oxalá haja – em adquirir, e adquirir para ficar em Portugal, isso será uma bela notícia. O que terão de fazer é ir ao leilão e conseguir adquirir aí essas obras de arte”, declarou Marques Guedes em conferência de imprensa, a seguir à reunião do Conselho de Ministros, e reportada pela Lusa.

O governante lembrou que existe um “contrato firmado” com uma leiloeira internacional, a Christie’s, e “é através do leilão que a venda vai ocorrer”.

Marques Guedes reagia assim à notícia, avançada hoje pelo Diário Económico, de que o empresário angolano Rui Costa Reis tinha apresentado ao Governo uma proposta de compra da colecção por 44 milhões de euros, assegurando a manutenção das obras em Portugal, e nomeadamente no Porto, durante 50 anos.

Já o PS, pela voz da deputada Inês de Medeiros, disse não ter que “tomar nenhuma posição” sobre a proposta do empresário angolano.

O PÚBLICO tentou ouvir a deputada Gabriela Canavilhas, que, na semana passada, no Parlamento, tinha avançado ter conhecimento de que havia “soluções em curso em cima da mesa do primeiro-ministro”, que passariam “por políticos e empresários”, que poderiam evitar a venda das obras de Miró em leilão em Londres.

Em reunião de trabalho fora do país, a ex-ministra da Cultura do governo socialista remeteu a resposta para Inês de Medeiros. A actriz e deputada diz não conhecer "o detalhe da proposta do empresário angolano", e acrescenta que o PS "não tem que ter uma posição" sobre ela.  Mas lembrou a posição em que o seu partido vem insistindo, desde o início do processo. “O que é preciso, primeiro que tudo, é fazer um inventário das obras e depois uma reflexão séria sobre aquelas que eventualmente justifiquem classificação, e que devem ficar em Portugal”.

Inês de Medeiros voltou a criticar a posição do Governo nesta matéria, cuja apregoada “transparência neste processo se mostra bem mais opaca e cheia de secretismo”. “O governo afirma-se sempre peremptório e taxativo, mas, afinal, anda a negociar por trás”, acusa a deputada, que estende as suas críticas à Direcção-Geral do Património, que tem “falseado os dados” relativos ao calendário do processo.

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