Os criadores e as criações do Espaço Bloom

Desafiámos Ana Catarina Santos, Ana Vicente, António Vaz Soares, Eduardo Amorim, João Rôla, Martinho Gonçalves, Pedro Neto e Teresa Carvalheira

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Fernando Veludo/nFactos

Oito jovens criadores foram convidados a conceber quatro coordenados para competirem no Concurso Bloom da 34.ª edição do Portugal Fashion. Entre o nervosismo e o entusiasmo dos bastidores, o P3 desafiou os oito concorrentes a seleccionarem uma peça que assuma um papel fundamental em cada colecção.

Ana Catarina Santos

A paixão desta jovem designer pela criação de vestuário fez com que conquistasse o terceiro lugar no concurso de novos talentos promovido pelo Espaço Bloom. Quando questionada sobre a peça que melhor representa a colecção, Ana Catarina não tem dúvidas em nomear um vestido onde as formas femininas contrastam com traços austeros. “O vestido, inspirado nas fardas militares russas da 1ª Guerra Mundial, resume o significado da minha colecção porque tem linhas femininas e, ao mesmo tempo, rígidas e robustas”, afirma a criadora.

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Ana Vicente e a sua peça Fernando Veludo/nFactos

Ana Vicente

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Teresa Carvalheira e a sua peça Fernando Veludo/nFactos

“The broken mirrors” é o nome da colecção de Ana Vicente que explica a escolha da jovem criadora. “Escolhi um casaco que tem o padrão de um espelho partido porque representa um momento de mudança e transmite o “eu” que já não quero ser um reflexo partido no espelho”, conta a designer. E é esse o contraste entre o passado e futuro que se reflete em silhuetas protectoras. “É um ponto de viragem na minha vida porque resolvi assumir que vou lutar pelo meu sonho e arriscar sem ter medo de falhar”, acrescenta.

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Eduardo Amorim e a sua peça Fernando Veludo/nFactos

António Vaz Soares

Um top preso à frente, com apenas duas tiras e sem costas foi a escolha de Haggard, de António Vaz Soares. O conceito parte do interesse em reinterpretar elementos fundamentais da construção de peças de roupa. “Esta peça resulta da manipulação do papel porque eu sabia que queria trabalhar com um material duro que tivesse um comportamento forte e estruturado”, confessa António. “O objectivo é tornar as peças independentes de qualquer elemento físico para as manter unidas”.

Eduardo Amorim

Classificado como o quarto e último vencedor do Concurso Bloom, Eduardo optou por uma parka através da qual resultou o conceito de toda a colecção. “A peça que escolhi assume um papel importante porque foi a primeira que eu desenvolvi e foi aquela que realmente consiste numa estrutura de parka”, afirma. “As outras já foram um desenvolvimento do conceito inicial, a partir do qual cheguei às outras ideias”, conta o criador.

João Rôla

O segundo concorrente distinguido pelo concurso, escolheu uma peça em que as linhas femininas são substituídas pelos traços masculinos. “A peça seleccionada é um casaco com uma silhueta 'oversized', que se relaciona com a ideia de libertação da mulher enquanto ser social”, confessa o jovem designer. “Eu pretendo transmitir a ideia de que as mulheres podem quebrar barreiras e usar casacos enormes porque uma mulher também é bonita assim”, acrescenta.

Martinho Gonçalves

Foram as obras escultóricas de Kevin Francis Gray que inspiraram Martinho na criação dos quatro coordenados para o concurso. “Nesta colecção, tentei transformar o preto e o branco através de texturas, brilhos e transparências”, afirma. “Desta forma, escolhi um casaco que representa os minerais e os materiais que Kevin Gray utiliza nas suas esculturas”, conta o designer. No futuro, o jovem criador não esconde o sonho de prosperar no ramo da moda.

Pedro Neto

“A peça que melhor representa a minha colecção é o primeiro coordenado todo branco porque transmite a ideia de uma mulher rejuvenescida”, destaca Pedro. Com apenas 18 anos, este foi nomeado o grande vencedor com a sua colecção inspirada no efeito de suplantação na terra. “O conceito da colecção é basicamente uma mulher a sair da terra, muito mórbida e quase a rastejar”, confessa. Conceito esse que resulta em silhuetas retas, compridas e "oversized".

Teresa Carvalheira

“To preserve” é o tema da colecção de Teresa Carvalheira que se posiciona numa dimensão abstracta. “Eu seleccionei um macacão porque é uma peça representativa do processo de tingimento natural que uso na intervenção com os materiais”, afirma a jovem designer. “Eu optei pelo tingimento manual com tintura de iodo e betadine porque acho que é importante o designer cultivar um vínculo com a peça que está a criar”.

Os quatro designers vencedores vão usufruir de um incentivo financeiro para a criação e desenvolvimento dos seus trabalhos futuros, e ainda têm a oportunidade de apresentar uma colecção no Espaço Bloom em Outubro de 2014 e Março de 2015.

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