Cartas à Directora

A ressaca da democracia

O resultado das eleições autárquicas em França e o crescimento espectacular da extrema-direita assusta muita gente. Não tenho nenhuma simpatia pelas ideias da FN (Frente Nacional) mas não podemos deixar de respeitar a opção democrática do eleitorado. De recordar que já nas presidenciais de 2002 Jean Marie le Pen chegou a disputar a segunda volta, para grande surpresa e escândalo e, se é certo que a FN de hoje é diferente da de há 12 anos, o problema de fundo é igual, ou pior.

O simplesmente lamentar este resultado, com cara de enjoo, recordando que os “valores” do FN não se identificam com os da democracia, deixa algo por dizer. É que os “valores” dos partidos tradicionais “valem” apenas na teoria. Na prática os negócios e negociatas e a falta de ética dos seus políticos estão muito longe do que seria expectável e minimamente aceitável.

Quando no final da década de 90 a extrema-direita racista e xenófoba crescia na Bélgica, os partidos “sérios”, para a impediram de aceder ao poder, criaram uma grande coligação a que chamaram “cordão sanitário”. Algo idêntico deverá ser certamente tentado agora na segunda volta destas eleições em França, mas isso vale pouco se o interior do dito cordão estiver carregado de nódoas...

Tenho sérias dúvidas se, a prazo e após a eventual experiência do poder, a prática da FN será diferente da dos outros, mas este fenómeno do eleitorado recusar os partidos tradicionais e embarcar em experiências mais ou menos radicais, como a do palhaço italiano, é um caminho muito perigoso e com uma ressaca imprevisível.

Carlos J F Sampaio, Esposende

 

A cura que mata o doente

São conhecidos os casos de maus médicos que, perante uma deficiência grave na perna do doente, logo decidem, erradamente, que a melhor solução é amputá-la.

Dizem os nossos governantes: "Reestruturar a dívida? Nem pensar! A nossa política está certa, a economia até está a crescer!"

Ora, contra as reais evidências, as de fundo, e contra as opiniões fundamentadas de cada vez mais especialistas e políticos experimentados, nacionais e estrangeiros, os dois ou três dirigentes máximos do País acreditam, subserviente e quase fanaticamente, nas teses dos grandes interesses internacionais, que nos emprestam dinheiro a juros bem vantajosos. Eles parece preocuparem-se mais em obedecer-lhes do que em conseguirem novas condições, que aliviem os efeitos devastadores sobre a generalidade da nossa população, insistindo na austeridade danosa que está a condenar à miséria, senão à morte prematura, muitos dos nossos idosos, doentes, desempregados, pensionistas e até jovens, que se veem compelidos a emigrar.

António Catita,  Lisboa

 

O PÚBLICO ERROU

Na tabela do artigo de ontem de Paulo Trigo Pereira, nas colunas deveria constar 2013, 2014, 2015, 2016, 2017 e Var. (17-13). Pelo sucedido, as nossas desculpas ao autor. Uma tabela corrigida pode ser consultada no site do PÚBLICO, juntamente com o texto em causa

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