Bruno de Carvalho acusa FC Porto de “práticas pouco recomendáveis”

Presidente do Sporting também diz que Benfica não merece estar no primeiro lugar.

O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, considerou, em entrevista à TVI24, que o Benfica não merece estar em primeiro lugar em função dos pontos que foram sonegados aos leões pelas arbitragens.

“Faltam seis jogos, no final poderei mudar a minha análise, mas neste momento o Benfica não merece estar em primeiro lugar”, disse Bruno de Carvalho, alegando em seu abono que “nenhum presidente de clube tinha tido coragem” para reconhecer os erros em que o seu clube foi beneficiado, como ele próprio fez, “até no jogo frente ao Benfica, em Alvalade”.

Questionado sobre se os árbitros têm uma agenda escondida quando apitam os jogos do Sporting, Bruno de Carvalho reconheceu a incompetência de alguns deles e torneou a questão ao recordar as propostas de alteração que avançou para melhorar o sector, nomeadamente recorrendo à utilização de meios tecnológicos.

“O futebol português terá de avançar, mas nunca será por convergência dos três grandes, porque, sempre que houve essa convergência, teve por base a hipocrisia e comigo não contam para isso”, disse Bruno de Carvalho, que não poupou o FC Porto e o seu presidente, Pinto da Costa, nomeadamente pela participação no processo Apito Dourado.

Questionado se não reconhecia mérito desportivo ao FC Porto pelas suas conquistas desportivas e pelo valor de vendas de jogadores, Bruno de Carvalho deu uma resposta indirecta: “Se tiver noção das dívidas do FC Porto e das vendas que fez de passes de jogadores, constata que depois do que vendeu pouco ficou para o clube”.

Recuando ao processo Apito Dourado, o presidente leonino acusou o FC Porto de “práticas pouco recomendáveis” e recordou os “milhares de provas” a que toda a gente teve acesso, e que “confirmaram a realidade da corrupção, da fruta e de árbitros comprados” e deu o exemplo da decisão da justiça desportiva que “escolheu um campeonato que o FC Porto conquistou com muitos pontos de avanço para aplicar-lhe os seis de castigo que lhe foram aplicados no âmbito do processo Apito Dourado”.

“Em 2011, o FC Porto remeteu um processo contra a Liga e dirigentes da Liga num Tribunal normal no valor de oito milhões de euros”, referiu Bruno de Carvalho, lembrando que quando se fala no recurso para um tribunal civil “vem toda a gente dizer que é impossível, que a UEFA e a FIFA nos vão aplicar uns ‘tautaus’”.

Depois de recordar as gravações que foram divulgadas da reunião do Conselho de Disciplina sobre o caso do atraso no início da partida da Taça da Liga entre o FC Porto e o Marítimo, criticando a falta de isenção do presidente daquele órgão, Herculano Lima.

Sobre a renovação de Leonardo Jardim, referiu não estar preocupado e que a mesma será tratada no final da época, uma vez que tanto o treinador como ele próprio estão “focados no desempenho desportivo até final da época”, salientando que o técnico tem uma cláusula de rescisão de 15 milhões de euros.

Desafiado a esclarecer se convidou Jesualdo Ferreira para treinar o Sporting esta época, como o próprio treinador afirmou recentemente, Bruno de Carvalho respondeu: “Leonardo Jardim foi a primeira escolha. Temos de ter na vida respeito por quem nunca nos faltou ao respeito e por isso prefiro não responder”.

O presidente leonino comentou ainda o interesse de clubes europeus em William Carvalho: “Percebemos o seu [William Carvalho] valor muito antes de ele começar a ser falado e por isso renovámos por mais cinco anos. O Sporting está satisfeito por o ter e ele por estar no Sporting. Não estamos vendedores e percebo qual a estratégia dos jornais quando vêm com o Manchester United, o City, o Chelsea e agora o Mónaco e depois com declarações de especialistas a dizer que o William não vale os 45 milhões da cláusula”, disse.

Bruno de Carvalho revelou que o Sporting “detém 60%” do passe de William, que gostaria de “ter os 100%”, mas lembrou que o clube “já recuperou parcialmente e nalguns casos totalmente os passes de 28 jogadores”.

Rivais acima das possibilidades
Bruno de Carvalho, por outro lado, disse esperar que Benfica e FC Porto “continuem a viver acima das suas possibilidades por muitos e bons anos”, e que os “leões” possam aproveitar esse facto.

“O fair-play financeiro não impede de se gastar mal, pois permite prejuízos. Disse que queria um Sporting que não gastasse mais do que recebia a nível operacional e a verdade é que a SAD e o clube estão equilibrados e conseguimos num ano o que era suposto fazer num mandato”, referiu Bruno de Carvalho, na mesma entrevista à TVI24.

O presidente leonino revelou ainda que assegurou uma redução substancial do serviço da dívida, “que ascendia a 268 milhões de euros e que no final da reestruturação financeira será reduzido para 170 milhões, graças à redução de custos e aos proveitos decorrentes da venda de jogadores, o que não tem sido comum no clube nos últimos anos”.

Quanto ao orçamento para o futebol, o líder do Sporting deu conta de que este “foi de 42,5 milhões em Junho de 2012, de 41,3 milhões em Junho de 2013 e que será de 25 milhões em Junho de 2014” e que isso se deve a um modelo de gestão que não se limita a poupar, mas a fazer melhor com menos recursos”.

A propósito das negociações com a banca, reconheceu que hoje existe “uma relação de confiança”, depois de os credores do clube terem percebido “a solidez do projecto como algo confiável e que fazia sentido”, o que levou a que o respeito “fosse crescendo e se transformasse em confiança”.

Bruno de Carvalho admitiu que o Sporting estava “à beira da bancarrota” quando entrou no clube e que “não havia dinheiro para salários”, o que tornou “inevitável dar início ao processo de reestruturação”.

“Em Março de 2013 a dívida total era de 254 milhões de euros e o que pretendo, e vamos conseguir, é que reduza para 235 milhões após a reestruturação financeira”, revelou Bruno de Carvalho, que deu ainda conta das novas condições e alargamento de prazo, além da reconversão de parte da dívida em VMOC´s, que negociou com a banca para garantir a sustentabilidade do clube e da SAD.

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