Falta de habitantes é o maior entrave à reabilitação dos centros históricos

A necessidade de conservar habitando e de habitar conservando é a melhor forma de reabilitar: vivendo, usufruindo, utilizando, diz associação.

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A reabilitação dos centros históricos enfrenta problemas graves de despovoamento e envelhecimento da população, sendo que os municípios carecem de meios financeiros e técnicos para ultrapassar as dificuldades, alertou a Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH).

Os problemas são comuns à generalidade das autarquias, segundo José Miguel Noras, da APMCH, apontando “a escassez de meios, o envelhecimento dos núcleos urbanos antigos e, também, o das próprias populações”, como maiores óbices à reabilitação dos centros históricos.

“Existe um código de arrendamento que não promove grandes facilidades na reabilitação urbana. A necessidade de conservar habitando e de habitar conservando é a melhor forma de reabilitar: vivendo, usufruindo, utilizando, porque sem uso as coisas degradam-se mais depressa”, defendeu.

Segundo este responsável, além da valorização dos monumentos, existe a preocupação de “dar resposta as exigências das populações” e reconheceu que se têm “reabilitado áreas urbanas degradadas com vista a que os centros históricos possam ser cada vez mais habitados, evitando o crescente despovoamento e impedindo que virem museus sem vida”.

É preciso “crescer com equilíbrios, sem esmagar o fascínio original das cidades e sem esquecer as raízes”, frisou José Manuel Noras.

De acordo com este responsável, “os objectivos são sempre inalcançáveis e tarefas de gerações”, razão pela qual “não se está a ver os centros históricos com a população que se desejava, pois muitas vezes há a miragem de construir de raiz em vez de reabilitar aquilo que já existe”.

Actualmente, em Portugal, “existem centenas de milhares de edifícios habitacionais vazios porque se deu prioridade ao novo e quando não se salvaguarda não há economia de meios utilizando as infra-estruturas já existentes e diminuindo o consumo de espaços urbanizáveis”, explicou o representante da direcção da Associação.

Ainda assim, existem “bons exemplos de reabilitação dos centros históricos”, de norte a sul do país, como os casos de Guimarães, Angra do Heroísmo, Évora, Porto e Sintra, que já foram distinguidos pela UNESCO como Património Mundial, sublinhou.

Na sexta-feira, a Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico assinala o Dia Nacional dos Centros Históricos, instituído em 1983 e que coincide com o aniversário de Alexandre Herculano, precursor à época na salvaguarda e valorização do património.

Este ano, Lagos foi o município escolhido para acolher as comemorações a nível nacional, estando uma sessão solene prevista para as 11h00, no Auditório do Centro Cultural local.

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