Presidente da Venezuela anuncia uso da força contra manifestantes anti-Governo

"Têm algumas horas para ir para casa... Chuckys", disse Nicolás Maduro às centenas de pessoas acampadas numa praça de Caracas.

Manifestante anti-Governo a ser levada pela polícia em Caracas
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Manifestante anti-Governo a ser levada pela polícia em Caracas LEO RAMIREZ/AFP
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Manifestante anti-Governo a ser levada pela polícia em Caracas LEO RAMIREZ/AFP

A Praça Altamira, na zona ocidental de Caracas (de classe média alta), é um dos centros da contestação ao Governo e  um grupo de manifestantes montou ali um acampamento. Os protestos começaram há seis semanas e durante os confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança ou os grupos civis pró-revolucionários já morreram 28 pessoas.

"Vou dar a estes Chuckys, os assassinos, apenas algumas horas", disse Maduro, usando o nome de um boneco assassino de um filme de terror americano. "Se não saírem [da praça], vou libertar o espaço com forças de segurança. Têm algumas horas para ir para casa... Chuckys, preparem-se, vamos buscar-vos", disse o Presidente no sábado (já madrugada de domingo em Portugal).

Na praça Altamira estão concentrados sobretudo estudantes e cidadãos da classe média (são, aliás, estes dois grupos que têm mantido a contestação contra o Governo acesas, mas nos bairros mais pobres e tradicionalmente fiéis ao Governo as queixas também já se fazem ouvir). Os manifestantes criticam a gestão do país onde há escassez de bens alimentares e outros produtos de primeira necessidade, por exemplo leite e papel higiénico, onde a inflação é das mais elevadas do mundo (em Fevereiro, de acordo com o banco central da Venezuela, foi de 56%) e a criminalidade é, também, das maiores do planeta.

Maduro acusa a direita da instabilidade no país - há manifestações e protestos em várias cidades - e, num discurso à nação via rádio, responsabilizou-a pela morte das 28 pessoas. Também acusou os Estados Undidos (que considera estarem a orquestrar um golpe de estado juntamente com a oposição) de estarem a planear usar "medidas extremas" contra a Venezuela, entre elas o seu assassínio.

"Presidente Barack Obama, se esta mensagem lhe chegar, fique a saber que isso seria o maior erro da sua vida - dar ordem para assassinar o Presidente Nicolás Maduro", disse o chefe de Estado venezuelano, que há um ano tomou posse, após ter vencido as eleições que se seguiram à morte de Hugo Chávez, o fundador do regime socialista bolivariano da Venezuela.

Além de 28 mortos (com vítimas entre os dois lados), a contestação e a violência já fizeram 300 feridos. E 1500 pessoas foram presas, estando cem ainda detidas (21 polícias e militares acusados de terem usado excesso de força, alguns manifestantes e líderes da oposição, entre eles Leopoldo López).

Para este domingo a oposição marcou uma manifestação em Caracas contra o Governo e para denunciar a presença de conselheiros cubanos na Venezuela, que diz estarem a ajudar o Governo a lidar com esta crise.

 
 

   

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