Seguro quer mutualização dos subsídios de desemprego na zona euro

Líder socialista considera que seria uma estratégia para a criação de emprego.

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Fernando Veludo

O secretário-geral do PS, António José Seguro, defendeu esta sexta-feira, em Coimbra, a mutualização dos subsídios de desemprego na zona euro, como estratégia para a criação de emprego. Concretamente, estabelecendo “um nível de referência” – 7%, exemplificou – a partir do qual o pagamento dos subsídios deixe de ser competência de cada país, para passar a ser responsabilidade do conjunto da União Europeia. “O que eu quero não é o subdsídio de desemprego, mas políticas económicas que promovam o emprego. (…) Se os países que têm taxas de desemprego razoáveis – se é que há taxas de desemprego razoáveis - fossem chamados a contribuir, podem ter a certeza de que dariam mais atenção à construção de uma política económica robusta”, explicitou, ao intervir em Coimbra, no evento “Relançar a Europa”.

Esperado para a sessão de encerramento da iniciativa do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu, Seguro frustrou as expectativas de quem esperava que quebrasse o silêncio em relação aos acontecimentos políticos da semana e, mais concretamente, sobre o manifesto, subscrito por 74 personalidades, em que é defendida a reestruturação da dívida. A responsável pela assessoria de imprensa avisara que, provavelmente, o secretário-geral do PS não prestaria declarações aos jornalistas. E assim foi. Centrou o discurso no tema do desemprego (aquele que juntou os militantes do PS em Coimbra, precisamente), e apontou a mutualização do subsídio como a resposta “para a crise e para o flagelo social”.

Defendeu ainda que parte dos 20 mil milhões de euros de fundos comunitários que o país tem à sua disposição até 2020 devem ser investidos na requalificação “dos desempregados com 40, 45 ou mais anos, (…) para que tenham lugar na economia”. “Nós não desistiremos deles, não os deixaremos entregues à sua sorte e a esta crise”, disse, depois de afirmar que não aceita “a tragédia” que representam, para o país, a saída mais de 200 mil portugueses em dois anos e meio, os mais de 800 mil desempregados e os mais de 300 mil inactivos.

Franciso Assis, o cabeça-de-lista do PS ao Parlamento Europeu, a quem coube abrir o encontro, também falou do desemprego. Mas não deixou de abordar um dos mais polémicos temas da semana. Na noite desta quinta-feira, no programa Prova dos 9, da TVI24, admitiu que, se tivesse sido convidado a fazê-lo teria subscrito o manifesto que defende a reestruturação da dívida. ”.“É natural que nenhum de nós se reconheça, em absoluto, no documento”, precisou, valorizando o facto de, “pela primeira vez, em Portugal, um conjunto de mais de 70 personalidades, da esquerda à direita”, terem sentido “a necessidade de contribuir para um consenso político” e de propor “soluções".

Ao intervir no evento em que participou  Hannes Swoboda, Presidente do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas e Deputado ao Parlamento Europeu Assis sublinhou que “o apelo ao consenso, em abstracto até pode ser perigoso”, por “deslegitimar a democracia”, mas considerou que “hoje é possível em Portugal um novo consenso”, em torno de “soluções concretas”.

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