Rua das Oliveiras reabriu ao fim de meio ano de obras e muitas queixas dos comerciantes

A Rua das Oliveiras está finalmente aberta. Os comerciantes estão contentes com o resultado final mas queixam-se dos sucessivos atrasos e de falta de coordenação na obra.

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renato Cruz Santos

Já é possível utilizar novamente a Rua das Oliveiras, no Porto. Durante a manhã de ontem ainda havia operários a dar os últimos retoques e o trânsito só começou a circular perto da hora do almoço, mas à tarde, o único vestígio dos trabalhos que ocuparam a zona nos últimos meses era a poeira que parecia cobrir tudo.

Os comerciantes da área afectada ouvidos pelo PÚBLICO estão contentes com as obras. Os passeios estão mais largos e o movimento está, aos poucos, a voltar ao normal. No entanto as pessoas queixam-se do tempo dos trabalhos – cerca de 6 meses – que teve resultados directos no volume de negócios. Alguns comerciantes apontam uma quebra de vendas entre 40% e 50%, como é o caso de Maria Antónia Silva, que tem um pronto-a-vestir na esquina da Rua das Oliveiras. Na opinião da comerciante, as obras que ocuparam “menos de um quilómetro” demoraram “tempo demais” e “quase que conseguiram destruir o comércio da rua”.

Maria Antónia Silva defende que a obra atrasou devido a uma descoordenação nos trabalhos e a uma falta de planeamento. “Hoje os trabalhos eram feitos de uma forma, amanhã chegava uma engenheira e mandava desfazer”, afirma a comerciante. “O trabalho foi fazer e desfazer”.

Embora seja da opinião que a rua está “muito bonita”, fala de uma “asfixia financeira” e apesar das exposições feitas por carta registada à Câmara do Porto, diz não ter obtido qualquer tipo de resposta. “Verbalmente foi dito que haveria a possibilidade de uma indeminização”, aponta a proprietária da loja de vestuário. Fonte da Câmara do Porto diz que as queixas à Câmara serão analisadas para, dentro do previsto da Lei, serem avaliadas.

Também Nuno Canavez, proprietário da Livraria Académica mostra descontentamento quanto ao processo de reabilitação da zona e aponta a falta de profissionalismo como principal razão para os atrasos. “As pessoas fizeram duas e três vezes a mesma coisa, a sensação que eu tive é que não sabiam o que andavam a fazer, mesmo a começar pelos maiorais”, argumenta.

Tal como Nuno Canavez, Nélson Correia, da Casa Dina, declara que os prejuízos foram significativos, mas não fala em números. “Foram dias e dias a fio sem entrar um cliente”, lamenta. O comerciante é da opinião que deveria ter havido um maior acompanhamento no terreno e uma maior organização, uma vez que diz terem ocorrido casos em que a execução do trabalho foi feita quatro vezes. Em resposta escrita ao PÚBLICO, o assessor de imprensa da Câmara do Porto reconhece que a obra deveria ter sido mais célere e defende que esteve sempre empenhada nisso.

Os comerciantes declararam que a Câmara do Porto apenas os abordou aquando do início dos trabalhos, não tendo sido notificados dos atrasos, o que a Câmara desmente. “Os moradores fizeram uma petição que foi atendida pelo que a queixa da falta de comunicação é totalmente absurda. Os comerciantes foram devidamente informados, alguns deles pessoalmente pela vereadora e por mim próprio, no local” adianta o assessor .

As obras de requalificação urbana começaram na Rua das Oliveiras em finais de Agosto e estenderam-se para a Rua do General Silveira e incluíram também a Travessa de Cedofeita. O final de Novembro era a data prevista para a conclusão dos trabalhos, mas o prazo foi sendo sucessivamente adiado. A câmara justifica os atrasos com a descoberta de achados no subsolo, “uma antiga arca de água e uma conduta mal cadastrada” e com o mau tempo dos últimos meses.

A Câmara do Porto anunciou ainda no seu site que o a trânsito na Rua da Meditação reabriu após a finalização dos trabalhos de requalificação da Avenida da Boavista e ruas subjacentes. Nos próximos dias estará igualmente concluída a obra na Rua de Agramonte e prevê-se que o trânsito seja restabelecido no início da próxima semana.

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