Onde está o esquilo? É o que investigadora da Universidade de Aveiro tenta descobrir

Projecto Esquilo-Vermelho em Portugal procura testemunhos de quem viu o animal para um estudo.

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Romão Machado
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O pequeno esquilo-vermelho já povoou todo o país, há muitos séculos. Mas com os bosques a caírem para que a sua madeira levasse os portugueses para outras paragens, o pequeno bicho perdeu o seu habitat e desapareceu. Entretanto voltou mas por onde andará? É isso que um estudo da Universidade de Aveiro pretende descobrir.

Rita Gomes Rocha criou o projecto Esquilo-Vermelho em Portugal com o objectivo de “conhecer melhor esta espécie, os seus padrões de comportamento e identificar os factores que podem influenciar a sua expansão”, disse ao PÚBLICO. Os dados recolhidos serão o objecto de estudo no âmbito do curso de pós-doutoramento que frequenta na Universidade de Aveiro.

“O primeiro passo é fazer o levantamento de dados com a ajuda dos inquiridos”, diz Rita Gomes Rocha. Inicialmente, em Setembro, quando o projecto arrancou, foram divulgados inquéritos em papel através do Corpo Nacional de Escutas. “A intenção era que estes inquéritos fossem usados nas actividades dos escuteiros”, explica a investigadora.

Sem muitos resultados obtidos, seguiu-se a criação de uma página no facebook. De momento com 455 likes, é a ferramenta que usa para também divulgar informações sobre o animal e onde todos podem deixar o seu testemunho. Mas faltam ainda muitos dados. “Sabemos genericamente onde os esquilos habitam. O objectivo é comprovar aquilo que ainda é pouco fundamentado”, explica Rita Gomes Rocha.

O esquilo-vermelho vive maioritariamente a norte do rio Tejo e não existem certezas se também mora a sul. “Queremos perceber se de facto apenas existe nas zonas que já sabemos”, explica. Até agora os parques urbanos de Gaia, Coimbra, Leiria e Lisboa são as zonas com mais relatos enviados, acrescentando pouco ao que já se conhecia até porque em alguns destes locais foram reintroduzidos recentemente.

Esta espécie ainda está pouco estudada no nosso país porque se extinguiu durante dezenas de anos e esteve outras centenas em vias de extinção. Foi no século XVI que o esquilo-vermelho desapareceu porque perdeu grande parte do habitat. “Com os Descobrimentos e o aumento da construção dos navios, houve um grande corte de árvores”, conta a investigadora. Vinte anos depois começou-se a introduzir este animal em algumas florestas, mas só nos anos 1980 é que se expandiu notoriamente entre árvores e pinhas pelo norte do país.

Agora, na passada segunda-feira, foi lançado um inquérito online para se conseguir mais testemunhos. As perguntas incidem essencialmente sobre observações de esquilos, há quanto tempo ocorreram, e qual foi a primeira e a última vez. Receberam 30 respostas até agora.

Este projecto de longo prazo recolhe não apenas informações sobre os avistamentos de esquilos, mas também de ninhos, pinhas roídas e atropelamentos destes animais. Pretende-se desenhar um mapa o mais preciso possível sobre a distribuição do esquilo-vermelho em Portugal, descobrir quais os seus comportamentos típicos, as suas deslocações migratórias, um número aproximado da sua população e, por fim, perspectivar o futuro desta espécie.

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