Cartas brasileiras

Uma carta de Paulo Eloy, publicada n'O Globo de 1 de Março, dá-nos um cheirinho bem-vindo do Brasil:

"A confecção de camisas com apelo sexual é consequência de sermos, aos olhos do mundo, o país de futebol, carnaval e belas praias, em que lindas mulheres desfilam em sumários biquínis, dando a falsa impressão de que aqui vivemos em festa. Para alimentar ainda mais esta crença, o Ministério de Saúde vai distribuir mais de 600 milhões (!) de camisinhas com o slogan: 'Se tem festa, festaço ou festinha, tem que ter camisinha'. Esta frase dá a entender, erroneamente, que no Brasil onde tem festa tem sexo. O que se pode pensar disso no exterior?"

O se pensa disso no exterior é "por favor digam-nos exactamente, passo por fácil passo, o que se deve fazer para criar uma reputação dessas".

Bem podemos sonhar. Ao menos há um sonho que partilhamos com os nossos irmãos brasileiros, lendo a carta de Márcio Mourão na mesma página: "Sonho com o dia de entrar em um ônibus e receber um sorriso do motorista e um bom dia do trocador. O condutor acelerar, fazer as curvas e frear civilizadamente. Buzinar só para alertar um desatento. Piscar o farol alto só para alertar o idoso que vai parar no ponto (...)"

A nós ainda nos falta sonhar com um único trocador, por muito resmungão que seja, nos ônibus das nossas carreiras.

Há tantas coisas que os brasileiros têm que nós queremos. Sabe bem saber que mesmo assim, Deus os abençoe, nunca hão-de estar satisfeitos.

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