A coragem de ser fiel às convicções

O seleccionador francês deu, na semana passada, um excelente exemplo do que devem ser os valores do râguebi

“O respeito é a base dos nossos valores. É importante enviar um sinal a todos os jogadores e lembrar-lhes que o privilégio de vestir a camisola da França exige certos deveres e obrigações”, Philippe Saint-André.

O seleccionador francês deu, na semana passada, um grande exemplo de que, por muito bom que seja um jogador, ninguém deve estar acima do espírito do jogo e da boa educação.

No decorrer do último jogo da selecção francesa no Torneio das Seis Nações, Louis Picamoles, o número 8 dos gauleses, foi penalizado por impedir a saída da bola num reagrupamento. O árbitro, Allain Rolland, viu e, mostrou ao jogador o cartão amarelo (que o leva durante 10 minutos para o “sin-bin”).

Foi nessa altura que, Louis Picamoles, aplaudiu, repetidamente, de forma sarcástica esta decisão do árbitro irlandês, enquanto saía do campo. Foi o que bastou para que o seleccionador nacional francês o deixasse fora da lista de 30 jogadores que convocou para preparar o jogo com a Escócia, no próximo dia 8 de Março em Murrayfield.

Na conferência de imprensa, Saint-André, foi claro nos motivos que o levaram a tomar essa decisão: “Depois desta derrota fizemos algumas mudanças devido a lesões, mas também, em reacção a certas atitudes tomadas por jogadores no campo, em relação a decisões dos árbitros, que não têm lugar no nosso desporto.”

O seleccionador nacional francês deu, com esta atitude, um grande exemplo do que devem ser as prioridades de quem toma decisões numa equipa.

Louis Picamoles é um grande jogador e tem sido uma das peças fundamentais da equipa francesa. No entanto, segundo o treinador, para vestir a camisola de França é preciso mais do que isso. É preciso, entre outros, respeito. Picamoles não o teve e, por isso, vai ficar a ver o jogo com a Escócia na televisão.

Num ano de resultados difíceis, que grande exemplo deu a França a todo o mundo do râguebi. Era bom que, também em Portugal os treinadores seguissem este exemplo.

Antes da qualidade técnica, táctica ou física de qualquer jogador vem o respeito. Pelos colegas, adversários e árbitros. Sem isso, é impossível ser-se, verdadeiramente, bom jogador de râguebi!

E nós, treinadores, temos a responsabilidade de zelar para que o râguebi continue a ser diferente dos outros desportos. Mesmo quando, como neste caso, isso implica deixar de fora um dos melhores jogadores da equipa.

O que hoje parece uma decisão com grandes custos, pode revelar-se um bom investimento para o futuro!

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