Mar agitado derruba paredão de Moledo e deixa bar de praia preso por um fio

A Câmara de Caminha diz que o município está a viver uma “situação inacreditável” tal tem sido a fúria do mar.

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Hugo Delgado

A forte ondulação que se fez sentir na tarde desta segunda-feira, no concelho de Caminha, derrubou 50 metros do muro do paredão de protecção da praia de Modelo e deixou, com os alicerces à vista, um bar, em madeira, instalado no areal. O concessionário teme que na próxima preia-mar, prevista para as 05:00 da madrugada de terça-feira, o apoio de praia não resista a nova investida do mar. Para a Câmara Municipal liderada pelo socialista Miguel Alves a situação com que o concelho se tem confrontado nos últimos meses é “inacreditável” e sem memória no concelho.

“"Estamos a viver uma situação inacreditável de meses muito difíceis para todos. Estamos todos boquiabertos com o que se está a passar. Vamos reagir mas há sempre esta dualidade de sentimentos. O mar que tanto nos dá e tanto nos rouba”, sustentou.

As vagas de vários metros que durante a tarde desta segunda-feira embateram contra o paredão, com vários metros, acabaram por empurrar as pedras com cerca de 200 quilos. Alguns curiosos foram obrigados a fugir apesar da Polícia Marítima vedado a zona. Foi a segunda vez, em menos de um mês, que as ondas investiram e quebraram o paredão.

“Isto acontece pela segunda vez no espaço de um mês, derrubando novamente uma estrutura com mais de 60 anos, com a água a chegar ao parque de estacionamento e aos bares. Nunca se viu uma coisa destas, estamos todos muito emocionados com esta situação”, adiantou o autarca.

Praticamente sem dormir desde sábado passado o concessionário do “Café Com Gelo”, em risco de colapso, também não tem memória de um mar tão bravo.

“Em seis anos que estou aqui nunca vi uma coisa destas. Nunca vi o mar assim”, desabafou o empresário que, desde 2009 que explora o apoio de praia.

As investidas do mar já levaram milhares de metros cúbicos de areia e deixaram a estrutura com os alicerces à vista. Durante a manhã desta segunda-feira, e face à previsão de vagas de sete metros, uma máquina disponibilizada pelo concessionário procedeu, com o apoio da proteção civil municipal e da capitania do porto de Caminha à deposição de areia junto aos alicerces. Operação que se viria a revelar infrutífera.

“O mar levou a areia toda que estava à volta e não temos mais para colocar nos alicerces. Temo bem que durante a próxima maré leve tudo”, desabafou.

Ainda em Caminha, a duna dos Caldeirões, em Vila Praia de Âncora, que foi parcialmente destruída pelo mar em fevereiro, voltou esta segunda-feira a sofrer com as últimas marés. A abertura na duna já chega a cerca de 200 metros de cordão, reforçando a nova foz que o rio Âncora ali encontrou.

Câmara de Viana pede intervenção urgente nas dunas de Castelo de Neiva
A Câmara de Viana do Castelo e a Junta de Freguesia de Castelo de Neiva solicitaram, esta segunda-feira à Agência Portuguesa de Ambiente (APA) e à sociedade Polis Litoral Norte uma intervenção urgente de consolidação do cordão dunar a sul do portinho da Pedra Alta. A autarquia diz que os consecutivos temporais registados na região desde Dezembro de 2013 “tem vindo a fragilizar” o cordão dunar, a sul do portinho de Pedra Alta, que se encontra “em vias de colapso”.

Segundo a autarquia “neste momento estão risco as habitações do loteamento da Pedra Alta bem como o cordão dunar a norte do estuário do Neiva, que está a romper e que irá destruir toda a zona da veiga agrícola com vários hectares de extensão”.

Nesse sentido a autarquia liderada pelo socialista José Maria Costa pretende que a situação de Castelo de Neiva “ seja integrada no âmbito das intervenções de emergência que estão a ser preparadas a nível nacional para atenuar o impacto da erosão costeira ocorrida neste inverno”.

A semana passada, no concelho vizinho de Caminha, após uma visita aos danos causados pela forte agitação marítima na duna dos Caldeirões, em Vila Praia de Âncora, o Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, anunciou a disponibilização de 17 milhões de euros para obras urgentes em 29 concelhos do país afetados pelo mau tempo deste ano. Verba que será desbloqueada através de uma nova linha de financiamento comunitário ao abrigo do Programa Operacional de Valorização do Território (POVT).

A Câmara diz que a intervenção estava prevista no Plano Estratégico do Polis Litoral Norte que, nos seus objetivos, se propunha a valorizar e requalificar o cordão dunar, a efetuar a reposição dos revestimentos dunares, a instalação de proteções dunares, bem como a consolidação dos esporões.

 

 

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