Cordeiros de raça mirandesa querem conquistar concelhos do Nordeste Transmontano

Esta raça autóctone ameaçada de extinção está confinado aos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro.

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Esta raça de cordeiros só existe na região de Miranda do Douro Paulo Ricca

Os criadores de cordeiros de Raça Churra Mirandesa pretendem alargar o campo de acção aos concelhos nordestinos para "potenciar" o valor económico desta raça autóctone e ao mesmo tempo motivar sectores como a restauração.

"Só no último ano foram escoadas mil carcaças de carne de cordeiro mirandês certificado. É um número relativamente pequeno, poderão pensar alguns, mas perante o efectivo total de que dispomos, começa a ser um trabalho que tem de ser aproveitado. Os nossos criadores sabem produzir bem, mas não sabem comercializar", disse à Lusa Pamela Raposo, secretária técnica da Associação de Criadores de Raça Churra Galega Mirandesa (ACRCGM).

Para produzir uma carne de "qualidade superior" há que ter em conta diversos factores como alimentação e o melhoramento animal, assim a ACRCGM, tem no terreno uma equipa de técnicos que são responsáveis para preservação da raça.

"Nós começámos com este trabalho em 1996, data em que a associação recebeu o Livro Genealógico, com a necessidade de preservar uma raça em vias de extinção apoiada por fundos europeus devido ao seu baixo números de efectivos e por ser um património cultural e natural, a conservar dentro do seu Solar", explicou a zootécnica.

Por cada fêmea adulta, há ajudas comunitárias que rondam os 45 euros/ano por animal, atribuído aos curadores por estarem a ajudar a conservar uma raça autóctone que está ameaçada de extinção.

"Os agricultores para poderem receber as ajudas comunitárias têm que cumprir com as normas do Livro Genealógico, estipuladas pela Direcção Geral de Alimentação e Veterinária ",explicou a técnica.

O solar desta raça autóctone ameaçada de extinção está confinado aos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro.

A criação de animais de raça Churra Mirandesa poderá ser "uma opção" para os produtores pecuários da região, com incidência nos mais jovens.

Os apreciadores de cordeiro mirandês afirmam que a carne do animal tem um sabor única devido à sua alimentação desde tenra idade.

Agora, será preciso dar passos em frente e comercializar o cordeiro mirandês em grande escala, para que os jovens agricultores se possam fixar à terra e ter condições para continuar a manutenção de uma raça autóctone que tem um efectivo que ronda os 6.500 animais.

O "cordeiro (canhono) mirandês", de raça Churra Galega Mirandesa divide-se em três categorias, consoante a idade e o peso, pesando as carcaças entre quatro e sete quilos na categoria A (30 dias de idade), entre 7,1 e 10 na B (60 dias) e de 10,1 a 12 na C (120 dias).

"Não posso dizer que tenho dificuldades em vender os animais. No entanto há anos melhores e outros piores. Mas uma coisa é certa actualmente é mais rentável criar estes animais que no passado, disse Maria Delgado, uma Criadora de Vale de Mira (Miranda do Douro).

Para conseguir entrar no circuito comercial, foi estabelecida uma parceria com Cooperativa Agropecuária Mirandesa, que já dispõem de um unidade industrial onde é possível fazer desmancha, embalamento e conservação das carcaças para assim a carne no mercado nacional e internacional já que há uma estrutura já montada, no concelho de Vimioso.

A Churracoop é a entidade responsável pela comercialização dos cordeiros provenientes de ovelhas de Raça Churra Mirandesa, que há cerca de 16 meses obtiveram a chancela atribuída pela União Europeia que confere a esta raça autóctone a certificação de Denominação de Origem Protegida (DOP), depois de concluído um processo que se arrastou ao longo de vários anos.

Agora, será preciso dar passos em frente e comercializar o cordeiro em grande escala, para que os jovens agricultores se possam fixar à terra e ter condições para continuar a manutenção de uma raça autóctone que tem um efectivo que ronda as 6500 fêmeas reprodutoras, repartidas por 61 criadores.

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