Gana pedala em bicicletas de bambu pelo ambiente e emancipação das mulheres

A iniciativa Ghana Bamboo Bikes cria emprego entre grupos mais débeis da sociedade e é benéfica para o ambiente

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As bicicletas feitas de bambu não são propriamente uma novidade. Desde finais do século XIX que surgiram modelos aproximados em Inglaterra, mas no Gana o uso e apropriação deste meio de transporte estão agora a ser redescobertos por mulheres com pouca escolaridade.

São leves e adaptáveis, muito indicadas para a condução pelo amortecimento de vibrações próprio bambu. Podem aparentar um aspecto frágil, mas são robustas e resistentes, e por isso indicadas para longos percursos, garantem as suas criadoras.

Adaptam-se aos terrenos mais difíceis, e oferecem uma mão cheia de vantagens. Num artigo da CNN que analisa as vantagens ecológicas e humanas destas bicicletas, o jornalista Peter Shadbolt deixa a questão: “Como é que o bambu não é usado desde sempre nas bicicletas?”

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Para além da poupança feita pelas bicicletas convencionais (desde evitar os congestionamentos e a consequente poluição do ar, até reduzir a dependência dos combustíveis fósseis), as bicicletas de bambu são bastante proveitosas noutros aspectos.

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O uso de um material extremamente abundante no Ghana torna o produto final bastante mais acessível à população do país. Evita também a produção das bicicletas habituais que envolvem aço, alumínio e titânio, entre outros materiais bastante poluentes.

O lado humano do bambu

O projecto Ghaba Bamboo Bikes é bem mais do que bicicletas. Fundado por Bernice Dapaah, Kwame Kyei e Winnifred Selby, três ex-colegas de escola, o objectivo foi continuar com a tradição da bicicleta enquanto meio de transporte ligado à emancipação e mobilidade da mulher, sendo ao mesmo tempo uma forma de criar emprego e alertar a comunidade para questões ambientais.

O reconhecimento do UNFCCC Momentum for Change Women for Results, prémio das Nações Unidas atribuído no final de 2013 que se destina a distinguir os principais projectos de mulheres de apoio a causas ecológicas, trouxe grande popularidade a estas bicicletas que são actualmente construídas por cerca de vinte a vinte e cinco mulheres com pouco ou nenhum nível de escolaridade, num país onde o analfabetismo ainda ronda os 30%. 

O apoio dos mais altos órgãos não podia ter sido mais esclarecedor: enquanto que Ban Ki-Moon, o secretário-geral das Nações Unidas, aproveitou para colocar o capacete e pedalar, Chistiana Figueres, responsável pela convenção sobre mudanças climáticas da ONU (UNFCCC) destacou que a construção de bicicletas pelas mulheres “oferece-lhes uma nova fonte de rendimento”.

Bernice Dapaah explicava à CNN que a recente mediatização do conceito, decorrente da atribuição do prémio, deixou a esperança de uma produção mais globalizada a partir de Junho deste ano. No Reino Unido, já são bastantes os interessados, principalmente para o turismo e para exibições de bicicletas. “As pessoas gostam de olhar para elas”.

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