Seguradoras acreditam que há espaço para novos clientes sem mudarem a oferta

Sector acredita que os seguros de saúde continuam a ser uma área de negócio em expansão

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O mercado dos seguros privados de saúde cresceu 3% em 2013 Rui Gaudêncio

As seguradoras estão atentas ao que se passa em termos de políticas de saúde, tanto directamente ao nível do Serviço Nacional de Saúde como das mudanças na ADSE. Acreditam, por isso, que a opção por um seguro privado vai continuar a ser uma área de negócio capaz de atrair novos clientes. Porém, entendem que a actual oferta já é suficientemente abrangente e não se espera uma transformação de abordagem.

O PÚBLICO contactou a Allianz, a Multicare, a Médis e a Tranquilidade para tentar perceber que estratégia têm as seguradoras perante o aumento das contribuições dos trabalhadores para a ADSE e a eventual disponibilidade dos mesmos para analisarem outras propostas. Foram também pedidas simulações de seguros para pessoas com 40 e 60 anos, a título de exemplo. Só as duas primeiras responderam. A Tranquilidade enviou apenas as simulações.

A directora de produto da Allianz Portugal, Teresa Brântuas, diz que a seguradora “continua convicta de que os seguros de saúde são uma oportunidade de negócio e uma área em expansão dentro da indústria seguradora, não só pelas alterações na ADSE, bem como por todas as alterações do Serviço Nacional de Saúde”. A responsável explica que a estratégia passa por “captar clientes com diferentes tipos de necessidades, desde ofertas singulares, com um plano de saúde mais abrangente ou menos abrangente, dependendo da necessidade e capacidade do cliente, a ofertas complementares de outros sistemas de saúde” – pelo que considera que a actual oferta já responde aos vários tipos de cliente.

Do lado da Multicare, também Rita Sambado, directora de marketing da Fidelidade, lembra que mais de dois milhões de portugueses têm um seguro de saúde e adianta que os dados da Associação Portuguesa de Seguradores indicam que este mercado cresceu 3% em 2013. Para Rita Sambado, este crescimento resulta “da valorização dos seguros de saúde enquanto mais-valia na vida dos clientes, mas também da actuação dos players que têm conseguido adaptar-se às constantes alterações do mercado onde se movimentam”.

A responsável entende que “as frequentes mudanças no SNS, o recuo da participação do Estado, onde também se enquadram as alterações na ADSE, os tempos de espera, entre outros factores, deixam espaço para a intervenção das seguradoras na disponibilização de soluções adequadas e acessíveis”. Porém, reconhece que as famílias, perante a crise, procuram soluções acessíveis, mas que assegura que já encontram na actual oferta. Ainda que continuem a estudar possibilidades ajustadas às necessidades individuais, isso passa por ter em consideração o que cada pessoa pode investir, mais do que mexer na cobertura.

Questionada sobre se pensam alargar os limites de cobertura, sobretudo em patologias mais graves como as oncológicas, visto ser essa uma das principais preocupações dos clientes quando ponderam optar pelo seguro privado, Teresa Brântuas garante que os planos da Allianz, neste momento, já dão resposta a esses factores, existindo uma opção específica para as chamadas doenças graves, em que o plafond é maior e há a possibilidade de o doente ser tratado até fora do país – à semelhança do que agora está a ser estudado com a directiva dos cuidados de saúde transfronteiriços. Além dos casos de cancro, esta possibilidade dá resposta a outras doenças dispendiosas como algumas intervenções coronárias (by-pass ou substituição de válvulas cardíacas, por exemplo), neurológicas ou mesmo transplantes.

Sobre o mesmo tema, Rita Sambado acrescenta que também têm acompanhado as necessidades do mercado, sublinhando que neste momento a oferta “está naturalmente estável e consegue responder às expectativas dos clientes”, tanto nas soluções mais baratas como nas mais completas. “Os clientes têm vindo a percepcionar a grande mais-valia das coberturas com capitais mais elevados e orientadas para situações mais graves, por isso a Multicare já inclui na sua oferta a cobertura Doenças Graves – Best Doctors. Esta cobertura está disponível no Plano de Saúde Total e em todas as opções do Plano de Saúde Personalizado, com um capital de 1.000.000 de euros”, explica, dizendo ainda que, tal como na Allianz, esta cobertura prevê também acesso a tratamentos no estrangeiro.

Quanto a simulações, para uma pessoa com 40 anos a Allianz apresenta ofertas de 36,54 a 67,60euros mensais. Aos 60 anos, o preço passa para 74,06 e para 121,58. A cobertura mais barata, em ambos os casos, prevê hospitalização até 50 mil euros e a segunda até 100 mil euros. As duas coberturas mais caras prevêem parto e outras despesas como com dentista e oculista. Em todas elas está prevista a opção de um milhão de euros para doenças graves.

A Multicare disponibiliza, para uma pessoa de 40 anos, quatro planos diferentes, a cerca de 15 euros, 21 euros, 59 e 65 euros. A primeira opção inclui 50 mil euros em internamento e acesso a preços vantajosos dentro da rede em termos de consultas, mas que ficam a cargo do beneficiário. Na segunda, o internamento sobe para 75 mil euros e estão previstas oito consultas por ano mediante co-pagamento de 15 euros. Na terceira hipótese, o capital de internamento desce de novo para os 50 mil euros, mas o seguro já prevê o acesso a parto, cirurgia de ambulatório até 2500 euros, fisioterapia e terapia da fala e estomatologia até 250 euros, bem como as consultas e exame mediante co-pagamento. A opção mais dispendiosa é igual, mas prevê um milhão de euros para doenças graves, tratadas em Portugal ou no estrangeiro. Para uma pessoa de 60 anos a seguradora apresenta as mesmas quatro soluções, mas os preços sobem para cerca de 37 euros, 45 euros, 99 e quase 107 euros.

Já a Tranquilidade apresenta ofertas dos cerca de 17 euros até aos 55 para alguém com 40 anos, e dos 40 aos 80 euros para alguém com 60 anos. Os capitais de hospitalização variam dos 15 mil euros aos 75 mil e a principal diferença na cobertura mais cara é o facto de incluir parto, estomatologia e próteses e acesso a uma rede internacional com mais 75 mil euros de capital. Em nenhum dos casos foi incluída a opção de doenças graves.

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