Mar galga paredão e invade restaurantes na Caparica

Circulação junto à praia está interdita a peões e veículos, no paredão e na zona envolvente às praias.

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Já no fim-de-semana passado, o mar tinha galgado o paredão e entrado nos estabelecimentos, causando avultados prejuízos Enric Vives-Rubio

Os estabelecimentos comerciais da Praia do CDS, na Costa da Caparica, em Almada, voltaram a ser inundados nesta madrugada pelas ondas do mar, que galgaram o paredão e chegaram mesmo ao parque de estacionamento. A circulação no paredão estava interdita ao início da manhã.

António Ramos, proprietário de três restaurantes da Costa da Caparica, apercebeu-se que tinha os seus estabelecimentos comerciais inundados por volta das três da manhã: "Tinha ido à lota comprar peixe e estava a vir para aqui quando me apercebi que o mar tinha invadido tudo. Está aqui um pandemónio, não se consegue trabalhar".

Segundo fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal, o mar galgou o paredão, transportando areia e pedras até aos estabelecimentos comerciais e ao parque de estacionamento (que fica nas traseiras dos espaços comerciais). Ao início da manhã estavam no local elementos da Polícia Marítima e da câmara, que procediam à limpeza do paredão e do parque de estacionamento. "A passagem de veículos e pessoas está interdita", disse a fonte do CDOS.

Apanhados de surpresa
António Ramos lembrou que está prevista uma nova maré para as 15h. "Já no último fim-de-semana, o mar entrou pelos restaurantes e danificou-os. Hoje, o mar parecia uma cascata junto ao paredão", lamentou, sublinhando os prejuízos de muitos comerciantes que não vão conseguir abrir portas neste sábado.

"Nada disto era espectável. Tínhamos apenas o alerta amarelo da Protecção Civil e nem sequer havia indicação de ventos muito fortes. Fomos todos apanhados de surpresa", afirmou o vereador municipal com o pelouro da Protecção Civil, Rui Jorge Martins. Ainda não foi feito um balanço dos estragos mas o autarca acredita que serão "muito grandes para os concessionários, que têm de ser indemnizados".

Às 18h, responsáveis da autarquia vão reunir-se com a população e com representantes dos espaços concessionados "para encontrar um caminho comum para reivindicar uma solução para esta situação", disse à Lusa Rui Jorge Martins. Para o vereador, esta situação poderia ter sido minimizada se o programa anual de recarga de areias não tivesse sido interrompido. "O Inag (Instituto Nacional da Água, que foi incorporado na Agência Portuguesa do Ambiente) lançou um programa de recarga das areias em 2006, que servia para amortecer a força do mar e que era fundamental para não colocar esta zona em perigo, mas o programa foi suspenso em 2010", recordou.

15 distritos sob aviso
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocou o distrito de Setúbal sob aviso amarelo desde as 7h deste sábado e até à meia-noite de domingo, devido à previsão de ondas com quatro a cinco metros. Também os distritos de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Beja e Faro estão sob aviso amarelo, o segundo menos grave,  por causa da agitação marítima, vento, chuva e queda de neve nas zonas mais altas.

Mas é na costa Norte e Centro do país que a agitação marítima será mais forte. Os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Leiria, Coimbra e Lisboa estão sob aviso laranja, o segundo mais grave, que implica uma situação meteorológica de risco moderado a elevado. Este aviso está em vigor desde as 7h deste sábado até ao meio-dia de domingo, por causa da previsão de ondas de sudoeste com cinco a sete metros, passando gradualmente a ondas de noroeste. O IPMA colocou também a Madeira sob aviso laranja devido à agitação marítima na costa e sob aviso amarelo poer causa da previsão de vento forte e precipitação.

Já na sexta-feira, as autoridades tinham alertado para um agravamento da agitação marítima durante o fim-de-semana. Numa nota publicada no seu site, a Marinha alerta a comunidade marítima, em particular a comunidade piscatória e náutica de recreio, para "redobrar a atenção no cumprimento de todos os procedimentos e regras de segurança no mar" e aconselha a população que evite aproximar-se das zonas costeiras, nomeadamente falésias, praias ou molhes portuários.

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