Portas abertas aos curiosos e passadeira vermelha à entrada para celebrar o Dia Mundial da Rádio

Renascença, Mega Hits, RFM e Rádio SIM, do Grupo Renascença, recebem até à meia-noite desta quinta-feira quem quiser visitar o lado de lá das vozes dos locutores

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De cabelo grisalho e já com algumas rugas, Ana Ferreira visita pela primeira vez os estúdios de uma rádio. “Não imaginava que era assim, um estúdio tão pequeno. Pensava que estavam todos juntos, num espaço amplo”, diz Ana, bastante admirada. O Grupo Renascença abriu as portas dos estúdios para comemorar com os seus ouvintes o Dia Mundial da Rádio.

A entrada do edifício amarelado do Chiado estava cheia. A passadeira vermelha à porta convidava os lisboetas para o evento desta quinta-feira: o Open Day. Dos mais jovens aos mais velhos passaram desde as sete da manhã até ao meio da tarde desta quinta-feira mais de 500 pessoas pelos estúdios.

Ana ouve rádio há mais de 50 anos. “A Renascença desde o tempo de António Sala.” A Mega Hits nunca ouviu e a música que a DJ está a passar num dos corredores do edifício não é das suas preferidas. “Mas é animada”, comenta Ana.

No último piso do prédio está a Mega Hits. Ao microfone, Rui Maria Pêgo relembra os ouvintes do dia. “Estamos de porta aberta e já estou cansado de abri-la”, brinca o locutor. Entretanto, entra um grupo de jovens.

O estúdio colorido de microfones com cubos cor-de-laranja demonstra o perfil do público-alvo desta rádio. André Almeida diz que não pensava que o ambiente fosse tão descontraído. A estudar Ciência Política, quer ser jornalista de imprensa, mas tinha curiosidade em conhecer os estúdios de rádio. “Soube do Open Day, e não vinha, mas elas obrigaram-me”, diz, a sorrir.

As amigas de André estão ao lado dele. Marisa ainda não sabe o que quer seguir, mas estuda Ciências da Comunicação. Ouve a Mega Hits habitualmente. “Soube da iniciativa enquanto estava no meu quarto.” Carolina Mendes também escolhe esta rádio em primeiro lugar, mesmo tendo a sua playlist no computador. “Gosto de ouvir enquanto estudo porque é mais diversificado. E tem programas de animação que inovam a rádio.” Notícias, prefere ler online ou ver na televisão.

Por sua vez, apesar dos preconceitos, André ouve a Renascença. “Dizem que é para pessoas mais velhas, mas gosto mais do estilo de música que passa”, diz para Júlio Heitor, o locutor desta rádio, já noutro estúdio, dois pisos abaixo.

Há poucos minutos, Júlio tinha confessado “no ar” que não é nada igual falar para milhões de pessoas sem as ver e ter meia dúzia a mirá-lo enquanto usa o microfone. “É totalmente diferente. E para eles também porque pensavam que iriam ver um George Clooney ou um Brad Pitt, e ficam decepcionados”, diz ao PÚBLICO, o locutor com um ar sério.   

Vários grupos de todas as idades cruzavam-se nos corredores entre as rádios. Aurélio Carlos Moreira, há 58 anos a fazer rádio, nunca tinha estado com tantos ouvintes ao mesmo tempo. “Tem sido uma animação. Uma senhora trouxe-me uma fotografia com um autógrafo, que eu lhe tinha enviado em 1960, ainda no início da minha carreira”, conta o locutor da Rádio SIM, ainda admirado.

No mesmo piso fica a RFM. João Anjos não quis perder a oportunidade para deixar o seu curriculum ao locutor de serviço. Licenciado em Ciências da Comunicação desde 2009, ainda não conseguiu um emprego na área. Apenas um longo estágio de dois anos na Rádio Autónoma. “Faço de maneira a conseguir trabalhar naquilo de que gosto, e ter tempo de trabalhar naquilo que me dá um salário”, explica.  

Paulo Fargoso deu uma dica a João. “Temos de começar do fundo. Sê tu e não finjas”, aconselhou o locutor, perante a plateia de jovens. Antes de se entrar neste estúdio, pode ler-se no cimo da porta de vidros duplos: “Chiuuu!”. Um sinal vermelho que não será respeitado neste dia até, pelo menos, a meia-noite.

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