Erasmus + é um programa de mobilidade "ambicioso" que vai estabelecer 25 mil parcerias estratégicas

O Erasmus + está aberto a estudantes, docentes, estagiários, voluntários, líderes de organizações juvenis e a pessoas que trabalham em organizações de desporto não profissionais e envolve quase o dobro do financiamento do programa anterior.

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“Qualidade, inovação e diferenciação” são as marcas que os promotores do programa querem que lhes sejam reconhecidas. O programa apresentado esta quinta-feira pretende ser “simples e desburocratizado" e alcançar 100 mil jovens portugueses de todas as condições sociais e de todo o país, com especial atenção às zonas do interior. São estas as aspirações do Erasmus+, que arranca este ano e que vigorará até 2020.

Trata-se de um programa de mobilidade “muito ambicioso” no espaço europeu que se destina, não apenas a jovens universitários, mas também a jovens de outras entidades não-governamentais, IPSS [Institutos Particulares de Segurança Social], grupos de jovens, juntas de freguesia, bem como associações de juventude e desporto. É a primeira vez que o desporto vai ser financiado pela União Europeia. 

Segundo o ministro Nuno Crato, o Erasmus + vai estabelecer 25 mil parcerias estratégicas e vai envolver 3500 instituições de ensino: “Este programa tem mais dinheiro, mais recursos, e engloba todos os outros programas anteriores, para além de ter alguns novos”. “É, portanto, um programa de mobilidade que é extraordinário para a Europa e para nós. É um programa pelo qual nos debatemos muito nas reuniões do Conselho Europeu”, enalteceu o ministro.

O Erasmus +, agora estruturado de forma “integrada e simplificada”, vem substituir o programa antigo – que tinha uma "abordagem sectorial" e uma "acção individual" – e todas as iniciativas vigentes na União Europeia (UE), em todos os domínios da educação e formação – o programa “Aprendizagem ao Longo da Vida”, o Erasmus (ensino superior), o Leonardo da Vinci (ensino profissional),o Comenius (ensino básico e secundário), o Grundtvig (educação de adultos), o programa “Juventude em Acção” e ainda cinco programas de cooperação internacional (Erasmus Mundus, Tempus, Alfa e Edulink e o programa de cooperação com os países industrializados).

O programa recém apresentado visa, então, o desenvolvimento de “estratégias colectivas” (a mobilidade individual deixa de ser financiada), numa lógica que pressupõe a “transformação de políticas em acções concretas”, que favoreçam sobretudo "sinergias e alianças sectoriais com universidades e o sector económico". Durante a cerimónia, António Silva Mendes, coordenador europeu do programa, explicou a importância das empresas neste processo: “As alianças com o sector económico são fundamentais para se definir quais são as competências que o mundo do trabalho precisa”, referiu.

O objectivo é o de “facilitar a transição para o mundo do trabalho, através da integração do formando no emprego”, considerou, mostrando como exemplo o sistema dual praticado na Alemanha, onde a aprendizagem dos formandos é feita nas empresas. O coordenador do programa, e também director da Educação e da Formação Profissional da Comissão Europeia, alertou ainda para a necessidade de implementação de uma gestão eficaz, quer dos recursos financeiros transferidos, quer dos recursos humanos utilizados. 

O novo programa representa um acréscimo de 40% de investimento (14,7 milhões de euros) face ao programa anterior, tem o objectivo de “continuar a promover o contacto com o os outros” e simboliza um “poderoso instrumento de conhecimento de nós próprios”, disse o Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, durante a cerimónia, que se realizou no Teatro Thalia, em Lisboa. Para José Regalado, da Agência Nacional Juventude em Acção, “é o momento oportuno, há muito esperado” para iniciar o Erasmus+, um “programa gerador de sonhos e ambições” que “vai muito para além do programa anterior”. 

O Erasmus + vai desenvolver “três grandes acções estratégias na UE” – a primeira, a acção mobilidade (através de intercâmbios, de inserções no mercado de trabalho e de serviço de voluntariado com meios financeiros garantidos; a segunda acção envolve parecerias estratégicas transversais, quer a nível local e nacional, quer a nível europeu, assente numa “interligação em rede”, através, nomeadamente, da criação de diversas plataformas online (de partilha de experiências e de apoio aos candidatos), cursos elearning, modelos de apoio ao candidato, entre outros.

E, por último, a terceira acção visa “reformar políticas”, para que os jovens se interessem e se aproximem dos decisores políticos e públicos da Europa. No que toca ao desporto, o objectivo é incluir a prática desportiva no seio da União Europeia, como veículo de boas práticas sociais e promoção de hábitos de saúde saudáveis. Já está prevista a criação da semana europeia do desporto, à semelhança da já existente semana europeia da juventude. 

Um dos pilares deste novo programa é a equidade e igualdade de oportunidades para todos, pretendendo alcançar 100 mil jovens, de norte a sul, não esquecendo o interior e as ilhas: "Incluíremos todos para não excluir ninguém". Estarão disponíveis 650 mil oportunidades de estágio na União Europeia, 200 mil programas para mestrados e vão estar envolvidos  2 milhões de estudantes do ensino superior e 800 mil educadores e profissionais a trabalhar neste projecto. 

Na cerimónia estiveram também presentes a directora da Agência Nacional PROALV - Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida - Maria do Céu Crespo, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes e ainda o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares.


 

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