Dirigente do Livre foi cabeça de lista pelo PPM e assumiu posição polémica sobre imigração

Polémica levou o partido a emitir um comunicado onde se afirma republicano e pró-imigração, garantindo que não há lugar para posições opostas.

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Congresso fundador do Livre decorreu entre 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro, no Porto N Factos / Pedro Granadeiro

Frederico Duarte Carvalho, eleito dirigente do Livre no congresso fundador, foi cabeça de lista pelo Partido Popular Monárquico (PPM) nas últimas eleições europeias, em 2009.

O jornalista, autor do livro Camarate, Sá Carneiro e as armas para o Irão, defendeu nessa campanha eleitoral posições polémicas sobre imigração, que já levaram o Livre a emitir um comunicado em que assume que no partido “não há lugar para posições monárquicas ou anti-imigração”. E que estas são “incompatíveis com os princípios universalistas, solidários e igualitários do partido”.

O grupo de contacto, o órgão mais executivo do partido cujo rosto mais mediático é o do eurodeputado Rui Tavares, é composto por 15 dirigentes. Frederico Duarte Carvalho integra a denominada Assembleia, o órgão deliberativo máximo entre congressos, que totaliza 48 dirigentes. Frederico Duarte Carvalho foi o nono membro mais votado, com 23 votos.

Na declaração de candidatura que levou ao congresso inaugural do partido, que decorreu no Porto entre 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro, o jornalista assume que foi candidato pelo PPM, partido no qual militou até Dezembro passado, dois meses antes do conclave do Livre.

“Resolvi aderir ao Livre porque sei que não vivo em Liberdade”, justifica Frederico Duarte Carvalho. E acrescenta que “muitos poderão perguntar como é que alguém que estava no PPM pode agora querer estar a trabalhar num partido que se assume de esquerda e que de monárquico nada tem”.

Para o jornalista, “não há nada de mais natural” e recorda que o PPM foi um dos primeiros partidos ecologistas em Portugal, cujo nome do fundador Gonçalo Ribeiro Telles e os princípios da ecologia e da integração do espaço urbano são “transversais a ideologias de esquerda e direita.” 

No texto que originou a polémica, em 2009, o jornalista defendia: "Imigrantes podem entrar, desde que possam trabalhar para virem melhorar a sua vida. E podem ser expulsos se assim a lei o decidir, pois as leis actuais já existem. Da mesma que os portugueses também podem ser expulsos quando se portam mal noutros países". Para concluir: "Imigração sim, com qualidade para todos, até para os que cá estão, portugueses incluídos. Expulsão de imigrantes ilegais por força da lei, obviamente que sim, também".

Mas para desfazer dúvidas e tentar esvaziar a polémica interna, o Livre emitiu um comunicado no qual afirma que posições anti-imigração são incompatíveis com o ADN do partido.

“O Livre é um partido favorável à liberdade de circulação e à diversidade cultural, favorável a um Portugal acolhedor e contrário à ideia de uma ‘Europa fortaleza’. Em suma, um partido pró-imigração”, afirmam.

A direcção do Livre explica, por isso, que os membros da Assembleia têm “obrigações acrescidas” em relação à matéria e que deve existir “fidedignidade e confiança mútua” entre os membros do partido.
 

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