Blatter volta a piscar o olho a novo mandato na FIFA

Presidente do organismo máximo do futebol mundial quer um quinto mandato apesar dos escândalos de corrupção que marcaram os anteriores.

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Blatter está motivado para concorrer a um quinto mandato na FIFA Fabrice Coffrini/AFP (arquivo)

Nem as acusações de corrupção, nem as gaffes, nem a idade parecem convencer Joseph Blatter a encerrar o seu ciclo à frente da FIFA. O presidente da entidade máxima do futebol mundial voltou nesta sexta-feira a piscar o olho a uma recandidatura ao cargo nas eleições de 2015, mas apenas se este for o desejo de uma parte significativa das federações associadas. Qualquer decisão só será anunciada após o congresso do organismo, marcado para os dias 10 e 11 de Junho, em São Paulo, no Brasil, nas vésperas do arranque do Mundial.

“Continuo de boa saúde e não vejo motivos para parar de trabalhar, sobretudo numa fase de consolidação da FIFA. Se as federações me pedirem para ser de novo candidato não direi que não”, revelou numa entrevista à rádio suíça RTS. E caso decida mesmo avançar, Blatter, que completará 78 anos no próximo dia 10 de Março, tem já confirmada a concorrência do francês Jerome Champagne, seu antigo braço direito. Resta também saber qual será a reacção de Michel Platini, actual presidente da UEFA, que tem sido apontado como um potencial candidato à sucessão do suíço.

Eleito pela primeira vez em 1998, sucedendo ao brasileiro João Havelange, Blatter cumpre o seu quarto mandato na liderança da FIFA. Os 15 anos que leva na presidência foram marcados pela polémica e manchados por várias acusações de corrupção, no período mais conturbado da história deste organismo centenário.

As denúncias sobre a compra de votos na escolha da sede do Mundial de 2022 no Qatar foram as mais recentes acusações e levaram mesmo a uma alteração substancial do método de selecção dos futuros organizadores do evento. As suspeitas de corrupção pairaram também sobre a vitória da candidatura russa ao Mundial de 2018 e marcaram ainda algumas das vitórias eleitorais de Blatter.

Em Abril de 2013, o ex-presidente da Concacaf Jack Warner denunciou uma oferta da FIFA de seis milhões de dólares (4,4 milhões de euros) para a construção de um centro de treinos nas ilhas Trindade e Tobago (país natal deste antigo dirigente) em troca do apoio na primeira eleição do suíço, em 1998. O processo teria sido conduzido por João Havelange, que iria deixar o cargo. “Blatter jamais teria sido presidente da FIFA sem os 30 votos da Concacaf”, garantiu Warner, referindo-se à concorrência do sueco Lennart Johansson, que acabou por ser derrotado.

Suspeitas foram também levantadas na última eleição, em 2011, motivando mesmo uma comissão de deputados europeus a solicitar uma investigação: “A Assembleia [Parlamentar do Conselho da Europa] insiste que a FIFA (…) abra uma investigação interna no sentido de determinar se, e em que extensão, durante a última campanha para o cargo de presidente, os candidatos, e particularmente o candidato vencedor, exploraram as suas posições institucionais para obter vantagens indevidas.”

No congresso da FIFA, que antecedeu a eleição de 2011, Blatter deixou uma promessa: “Eu sei que eu quero a mais quatro anos. Esses serão os últimos quatro anos para os quais me irei candidatar.”

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