Paulo de Carvalho diz que “o 25 de Abril não se cumpriu em termos culturais”

Estreia a solo no Coliseu de Lisboa para um histórico da música portuguesa.

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Paulo de Carvalho PEDRO CUNHA/ARQUIVO

Paulo de Carvalho, 50 anos de carreira e 66 de idade, apresenta-se sábado, às 21h30, pela primeira vez a solo no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. O espectáculo, integrado nas comemorações dos 130 anos da Voz do Operário, tem como convidados Boss AC, o duo Patrícias S.A. e os músicos José Manuel Neto (guitarra portuguesa) e Carlos Manuel Proença (viola).

O cantor e compositor diz que o Coliseu continua a “ser uma sala importantíssima” e “cheia de tradição”, mas hoje em dia é alugada, portanto já não há o relevo da escolha, “qualquer pessoa pode ir lá”. O mesmo sucede com o Olympia de Paris: “No tempo do Bruno Coquatrix era ele quem convidava, agora é uma sala alugada.”

Por isso, ter enfim o Coliseu de Lisboa para um concerto a solo terá relevo, mas mais ainda pelo pretexto: “Sou sócio honorário da Voz do Operário, a minha filha Mafalda estudou lá e é uma instituição com uma grande tradição cultural e de ensino, que é o mais importante.”

Quem for ao Coliseu irá ouvir o que é Paulo de Carvalho hoje, em 2014: “Um músico fundamentalmente fiel aos seus princípios, que continua a achar que deve bastante a um público que fez com que eu estivesse aqui ao fim de 52 anos. Por isso sinto-me na obrigação de cantar muitas cantigas das antigas, ainda que de outra maneira, porque eu não sou a mesma pessoa, mas também muitas cantigas que tenho continuado a fazer.”

O disco Duetos de Lisboa, o último que lançou (em 2012, pela Farol), fará parte do espectáculo, mas em versões a solo. Haverá fados (“que eu componho e de que gosto, já vou em quatro discos de fado”) e canções que marcaram várias épocas do seu percurso. Com Paulo de Carvalho estarão no palco do coliseu Marcelo Araújo (bateria), Leo Espinosa (baixo eléctrico) e Tiago Oliveira (guitarras).

O que move, hoje, Paulo de Carvalho? “Andamos todos à procura de qualquer coisa. O 25 de Abril não se cumpriu em termos culturais. Falta-nos fazer essa revolução e através dela responsabilizarmo-nos pelo que queremos, sermos mais cidadãos e não culparmos sempre um governo qualquer que lá está, e no qual, no fundo, na maioria votamos.”
 
 
 
 
 
 

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