Jorge Sampaio diz que Portugal se encontra em "pesada encruzilhada" como Estado e nação

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Jorge Sampaio: "Não há nenhum governo em Portugal que goste da intervenção do Presidente da República". Nuno Ferreira Santos

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio disse esta terça-feira que o 40.º aniversário do 25 de Abril, que se assinala este ano, é a ocasião para Portugal "abrir novos caminhos de futuro", num momento de "pesada encruzilhada" como Estado e nação.

"É uma altura para as mais diversas manifestações, numerosas revisitações e análises, indispensáveis balanços e, claro, é o momento simbolicamente certo para, na pesada encruzilhada em que, como Nação e Estado, nos encontramos, abrir novos caminhos de futuro", declarou o antigo chefe de Estado no Parlamento. Sampaio falava durante uma sessão de homenagem aos advogados dos presos políticos da ditadura portuguesa.

Na ocasião, o antigo Presidente reclamou a importância de se pensar o país "de forma positiva" e construir uma sociedade "inclusiva, coesa e solidária em bases sustentáveis, aproveitando as enormes capacidades, talentos e potencialidades" de Portugal. A homenagem de hoje, lembrou, "tem um significativo valor cívico e moral", e pretende ser um contributo para o "futuro colectivo" do país.

Jorge Sampaio enalteceu os presos políticos que "deram tudo pelos seus ideais, em alguns casos a própria vida", muito "torturados pelos mais requintados e brutais métodos" e outros, "e dos mais ilustres", que foram "forçados ao exílio". "Sinto, sentimos, para com eles todos, ausentes e presentes, uma enorme gratidão, um grande respeito, uma imensa solidariedade", declarou.

Sobre os advogados em processos políticos, como o próprio foi, Jorge Sampaio lembrou que as "várias gerações" de profissionais "marcaram para sempre a advocacia e a luta democrática". "Sendo da geração mais nova, então, (...) rendo uma palavra de grande admiração e agradecimento pelo que os mais antigos nos ensinaram, a solidariedade e amparo que nos proporcionaram, a nós, colegas mais novos e inexperientes", sublinhou.

Declarando falar sem "nenhuma demagogia", Sampaio diz que os profissionais como ele cumpriram a sua função no momento. "Falando francamente, acho que cumprimos, o melhor que nos foi possível, um inesquecível e elementar dever cívico", realçou.

A sessão de homenagem foi promovida pela comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, o Movimento Não Apaguem a Memória (NAM) e a Ordem dos Advogados. No final da sessão, os presentes, de forma espontânea, cantaram Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso.

 

 
 
 

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