E a criminosa tradição, quem a deterá?

Em Portugal indignamo-nos, com alguma razão, por o Governo não seguir as regras da igualdade de géneros no campo da semântica. E há quem discuta isso, acaloradamente, o que significa que alguma coisa mudou nestes anos, para melhor. Mas essa indignação perde valor quando, neste mesmo século XXI, na democracia mais populosa do mundo, a Índia, ainda é possível ver uma mulher ser barbaramente condenada (não pelo estado, mas por um grupo de anciãos, não pela lei, mas pela mais tenebrosa das tradições) a ser violada colectivamente por mais de dez homens, todos eles seus vizinhos, homens a quem ela estava habituada a chamar “tio” ou “irmão”. Crime? Ter-se envolvido com um homem de outra comunidade. Condenados a uma multa de 300 euros, o homem pagou e ela não. Por não ter dinheiro. A violação em grupo foi o castigo. Foi hospitalizada e os violadores detidos pela polícia. Mas a tradição, esta criminosa tradição, quem a deterá? 
 
 
 

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