Início da subconcessão dos Estaleiros à Martifer não é o fim da luta dos trabalhadores

Plenário previsto para a próxima semana poderá vir a decidir pelo endurecimento da constatação.

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Cessam terça-feira os contratos de trabalho dos que rescindiram Paulo Pimenta

A cerca de 400 quilómetros de distância do forte São Julião da Barra e da assinatura do contrato de subconcessão dos terrenos, infra-estruturas e equipamentos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) à Martifer provocou “revolta e repúdio”.

Os sentimentos expressos pelo coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) à porta da empresa pública, paredes-meias com outro forte, este o de Santiago da Barra, na capital do Alto Minho. Para António Costa, esta sexta-feira nem foi o dia mais triste dos quase 70 anos de actividade dos estaleiros.

“É mais um dia triste dos muitos ao longo dos últimos dois anos, desde que nos retiraram o trabalho. Desde aí que todos os dias são tristes, porque a pior coisa que pode acontecer a um trabalhador, e acho que ao senhor ministro da Defesa também, é retirarem-lhe o trabalho. Eu gostava que o senhor primeiro-ministro colocasse o senhor ministro da Defesa numa sala durante dois anos, sem trabalho, para ver se no final ele se sentiria bem psicologicamente”, sustentou.

Apesar da indignação, o porta-voz dos trabalhadores garantiu que a assinatura do contrato entre as administrações dos ENVC e do grupo português - cerimónia para a qual a CT foi convidada mas não aceitou estar presente -  “é apenas mais um acto administrativo”. A partir de agora os trabalhadores irão iniciar “outros caminhos” para parar o processo, deixando o aviso de que a luta poderá vir a “radicalizar-se”. Apesar da insistência dos jornalistas, Costa escusou-se a concretiza,r remetendo o anúncio de futuras acções de luta para a próxima semana, após um novo plenário-geral.

“É uma decisão que nos permite, a partir de agora, encetar outros caminhos para parar este processo da subconcessão, este crime social que querem fazer. Na próxima semana iremos marcar um novo plenário para concertar as várias possibilidades de contestação em cima da mesa. Os trabalhadores nunca estiveram parados nem vão ficar parados com esta decisão do senhor ministro”, adiantou.

Pela subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos estaleiros até 2031 a nova empresa West Sea, criada pelo grupo Martifer, pagará ao Estado uma renda anual de 415 mil euros, prevendo recrutar 400 trabalhadores. Entre 20 de Dezembro e 9 de Janeiro já aderiram ao plano amigável para rescisão dos contratos 120 dos 609 trabalhadores dos ENVC. Por estes acordos, já assinados, os estaleiros pagaram oito milhões de euros.
 
 
 

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