Associação de Faro quer reaver livros confiscados pelos ingleses há 400 anos

Obras retiradas à cidade, num saque feito sob comando do conde de Essex, encontram-se depositadas em biblioteca da Universidade de Oxford desde 1602.

A associação Faro 1540, de defesa do património da capital algarvia, quer reaver para a cidade uma colecção de livros confiscada por tropas inglesas, em 1596, quando a cidade foi saqueada e incendiada sob o comando do conde de Essex.

Constituída por 65 títulos (de um total de 91 volumes), a então biblioteca que pertencia ao bispo do Algarve está depositada na Bodleian Library da Universidade de Oxford desde 1602, explica à Lusa Bruno Lage, presidente da associação Faro 1540.

"Decidimos reclamar o que é da cidade através de uma moção votada pela nossa assembleia geral e da qual foi dado conhecimento ao Governo britânico e à Universidade de Oxford", diz o mesmo responsável.

De acordo com Bruno Lage, apesar de nunca se ter conseguido confirmar que o exemplar do Pentateuco (livro religioso), que se encontra na British Library, também foi confiscado na mesma ocasião, a associação aproveitou para pedir também a sua devolução à cidade.

Está em causa aquela que é alegadamente a única cópia conhecida do Pentateuco, e que terá sido o primeiro livro impresso em Portugal, pelo editor judeu Samuel Gacon, operador da primeira oficina tipográfica em solo português, situada em Faro.

"Nós daríamos inevitavelmente muito mais valor a isso [ter o Pentateuco] do que a própria biblioteca onde está, que deve ter milhares de livros e com certeza muito mais importantes do que este", sublinhou.

Lembrando que Portugal e Inglaterra têm uma das mais antigas alianças diplomáticas do mundo, o presidente da Faro 1540 considera não fazer sentido que, até hoje, aquele património se encontre fora do país.

O episódio em que a cidade de Faro foi incendiada e saqueada pelas tropas do conde de Essex é considerado um dos mais negros da história de Faro, elevada a cidade no ano de 1540.

A Faro 1540 – Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro foi criada em 2009, possuindo o estatuto de organização não governamental (ONG) de património e ambiente. Conta com 250 associados.
 

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