Marina Silva, o joker das presidenciais

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Marina Silva foi a sensação das presidenciais de 2010 Pedro LADEIRA/AFP

A pouco menos de um ano da votação presidencial no Brasil, Marina Silva, a candidata ecologista do Partido Verde que causou surpresa nas presidencias de 2010, ao recolher 20 milhões de votos na primeira volta, poderá converter-se novamente no joker capaz de baralhar as contas eleitorais.

A pré-candidata, que pretendia voltar a fazer campanha em nome próprio, falhou na secretaria o registo da sua Rede Sustentabilidade como partido político. O plano B levou-a a fixar um acordo eleitoral com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), encabeçado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A “transferência” de Marina para as fileiras socialistas, em Outubro, elevou imediatamente o partido ao estatuto de player presidencial – até então, apesar das ambições pessoais de Campos, o PSB parecia resignado ao seu lugar na chamada base aliada do Governo.

No anúncio da parceria com a sigla de Eduardo Campos, ficou subentendido que o lugar de Marina no boletim seria o de candidata à vice-presidência. Muitos acreditam, porém, que na hora da verdade o calculismo político poderá levar a uma inversão das posições: as sondagens mostram que, com Marina na frente, a eleição seria mais competitiva e que a sua votação poderia forçar a realização de uma segunda volta (a ecologista surge em segundo, à frente do concorrente do PSDB, Aécio Neves).

Mas antes da contagem dos votos, a presença de Marina Silva na corrida terá certamente o condão de influenciar a campanha. Os analistas estimam que a antiga ministra de Lula da Silva terá um discurso duro e desgastante contra o Partido dos Trabalhadores e o Governo de Dilma, e que reproduza as preocupações das parcelas mais jovens do eleitorado, que privilegiam temas como a cidadania e a ecologia.

Os críticos censuram-lhe o discurso moralista – segundo eles, “simplista” no que diz respeito, por exemplo, ao problema da corrupção, e “conservador” no que tem a ver com os costumes (Marina, que é evangélica, opõe-se ao aborto, ao casamento gay ou à liberalização da marijuana, embora proponha a realização de referendos nacionais para legislar sobre todos estes temas).
 

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