Investimento espanhol em Portugal foi de 4400 milhões até Setembro
Aposta de Espanha representa 20% do investimento estrangeiro em Portugal e o mercado espanhol absorve 24% do total das exportações nacionais.
Leonardo Mathias, que falava em Madrid, referiu que no mesmo período o investimento português no mercado espanhol foi de mil milhões de euros.
Numa intervenção no encontro 'Caminho da Internacionalização', uma iniciativa do jornal Expresso e da CGD, que decorreu num hotel no centro de Madrid, Mathias destacou o facto do investimento espanhol representar 20% do investimento estrangeiro em Portugal.
Um factor que, a par do aumento das exportações continua a consolidar Espanha para um mercado crucial para a internacionalização portuguesa, mesmo num ano de queda do Produto Interno Bruto (PIB), como foi 2013 e, especialmente tendo em conta as perspectivas de crescimento da economia para os próximos anos.
"Em termos bilaterais. Espanha é o mercado mais importante das exportações portuguesas, recebendo 24% do total. E este ano cresceu 9% apesar da queda do PIB em Espanha e está, até, a ganhar alguma quota de mercado, que aumentou de 3,9% em 2012 para 4,44% este ano", referiu.
Em termos globais, recordou, as exportações portuguesas passaram de ser 28% do PIB em 2009 para 41% do PIB este ano, sendo que em 2010 apenas 7% iam para mercados fora da União Europeia e hoje quase 30% vão para destinos não comunitários.
A par do fomento das exportações e do investimento, Leonardo Mathias considera que - apesar da mudança da estrutura da economia - é essencial para o crescimento "conseguir estabilizar o consumo interno".
"Se estabilizarmos o consumo interno, se tivermos capacidade de exportações, tanto em quota de mercado como de oportunidade de mercado e se conseguirmos atrair investimento, teremos maior crescimento económico", destacou.
Intervindo no mesmo encontro, Jesús Terciado, vice-presidente da CEOE (Confederação Espanhola de Organizações Empresariais) e responsável da área de PME (Pequenas e Médias Empresas) destacou o crescimento no número de empresas espanholas exportadoras, de 135 em 2012 para 150 mil este ano.
Ainda assim, relembrou, "continua a haver desafios importantes" já que 45% dessas empresas exportam menos de 5.000 euros por ano e 80% menos de 50 mil euros.
"Mas quase todas estas não tinham qualquer experiência nos mercados internacionais", disse.
"Com uma economia mais internacionalizada, e se conseguirmos estabilizar o consumo interno, conseguiremos um crescimento económico mais rápido", sublinhou, defendendo mais relações entre as PME ibéricas.
António Garrigues - presidente do escritório Garrigues Advogados e um dos mais reconhecidos analistas espanhóis - insistiu que Portugal e Espanha devem enfrentar os muitos desafios, em áreas tão diversas como a demografia, o desemprego juvenil e o combate à corrupção.
A nível externo, deve-se apoiar as empresas mais pequenas a irem para mercados exteriores, apostando cada vez mais em destinos alternativos.
"Temos que continuar a trabalhar em todos os mercados. Mesmo naqueles países onde, no passado, pensávamos que era impossível entrar. Tanto para exportar como para captar investimento", disse.
João Nuno Palma, da Comissão Executiva da CGD, aproveitou a sua intervenção para sublinhar que apesar do processo de reestruturação que está em curso em Espanha, o grupo "não vai sair de Espanha".
Nuno Palma defendeu mais esforços ibéricos conjuntos, especialmente em terceiros mercados como os de África ou da América Latina, procurando integrar as cadeias de valor dos dois países.
"Somos parceiros económicos naturais. E devemos estimular a associação de empresas para exportar a mercados emergentes", disse.
"O nosso mercado não vai crescer. A retoma económica está aí, mas vai ser muito plana. Não regressaremos aos valores do passado. Tem que vir de fora. Por isso, hoje, mais do que nunca é o momento de Portugal e Espanha terem claro as suas vantagens competitivas conjuntas. Se não o tiverem claro estão a perder uma oportunidade única", disse.