Mário Soares é a personalidade do ano para a imprensa estrangeira

Ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República pediu a demissão do Governo e de Cavaco Silva na última iniciativa que promoveu na Aula Magma.

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Carlos Lopes / Arquivo

O ex-Presidente da República Mário Soares foi distinguido pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal com o Prémio Personalidade do Ano/Martha de la Cal deste ano.

 O galardão é um reconhecimento do contributo da personalidade premiada para a divulgação da imagem do país no exterior. “Os correspondentes quiseram, com este prémio, constatar o importante papel desempenhado por Mário Soares na democracia e na História de Portugal”, justifica a associação para a atribuição do Prémio Martha de la Cal.

Se a distinção reconhece a “longa e intensa trajectória política” do histórico socialista, que fez 89 anos este mês, ela ocorre nesta altura porque também assinala a “enérgica actividade” de Mário Soares nos últimos meses, mesmo apesar do seu internamento hospitalar em Fevereiro.

O antigo Presidente foi o mentor das duas iniciativas que juntaram na Aula Magna, em Lisboa, diversas personalidades, em Maio, sob o lema “Libertar Portugal da austeridade” e, em Novembro , “Em defesa da Constituição, da democracia e do Estado social”. Em ambos os encontros defendeu a demissão do Governo liderado por Pedro Passos Coelho e do Presidente da República Cavaco Silva.

“Para salvar Portugal é preciso que o Governo e o Presidente se demitam”, afirmou, avisando que o país está à beira da violência, o que motivou críticas de que estaria a incentivar à revolta. Logo depois defendeu-se, ao admitir ser “um grande fã do Papa, não por o ter copiado, ele disse que isto vai resultar numa grande violência dois dias depois de eu dizer.”

Já depois das iniciativas na Aula Magna, Mário Soares afirmou que se o PS fosse “um bocadinho mais activo, tinha 90%” nas sondagens e deslocou-se a Viana do Castelo para, ao lado das eurodeputadas Ana Gomes (PS) e Marisa Matias (BE), manifestar solidariedade com os trabalhadores dos Estaleiros da cidade. Na semana passada, o ex-presidente da câmara municipal do Porto, Rui Rio, esteve ao lado de Soares para responder à questão se a “a crise é política ou financeira”.

“Em 2013, Mário Soares tem sido uma das principais vozes da sociedade portuguesa”, dizem os correspondentes estrangeiros, que também realçam a “relação de amizade” que o antigo chefe de Estado português tem mantido com eles, tanto quando foi primeiro-ministro (1976 a 1978 e entre 1983 e 1985), como quando foi Presidente da República (entre 1986 e 1996).

O nome de Mário Soares resultou de uma escolha de cerca de 60 jornalistas estrangeiros que trabalham a partir de Portugal para diversos órgãos de comunicação social de mais de 20 países. Em anos anteriores foram já distinguidos, entre outros, o guitarrista e compositor Carlos Paredes, os Capitães de Abril, o escritor e Prémio Nobel José Saramago, a fadista Mariza, o antigo primeiro-ministro António Guterres, o presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro José Manuel Durão Barroso, as atletas Rosa Mota e Vanessa Fernandes, o futebolista Luís Figo e as fundações Champalimaud e Calouste Gulbenkian, o actor Joaquim de Almeida, os arquitectos Álvaro Siza Vieira e Souto Moura, o escritor António Mega Ferreira e a artista plástica Joana Vasconcelos.
 
 
 

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