Presidente da República empenhado em travar o “êxodo” de empreendedores com talento

Cavaco Silva disse que a geração de jovens empreendedores sociais “não se resigna”.

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Cavaco Silva na visita ao Porto nFactos/Fernando Veludo

De visita ao Porto, o chefe de Estado destacou “a importância que os jovens assumem no desenvolvimento do país, do papel da sua criatividade e inovação na economia nacional”

Dez meses depois de ter lançado o desafio a jovens empreendedores sociais, o Presidente da República, Cavaco Silva, dedicou esta quinta-feira ao tema, inteirando-se dos “projectos de qualidade” desenvolvidos por uma geração de empreendedores que, disse, “não se resigna”. No Porto, onde passou o dia, Cavaco aproveitou para reafirmar que “o relançamento da economia depende fundamentalmente dos empresários, em particular dos jovens empresários”.

O propósito da visita era claro. O chefe de Estado quis sublinhar “a importância que os jovens assumem no desenvolvimento do país, do papel da sua criatividade e inovação na economia nacional, mas também no seu impacto social”. E, na sessão de encerramento da jornada, no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, o Presidente relembrou algumas das questões que, em Fevereiro, deixou aos grupos de trabalho sobre as quais, disse, o país “precisa de reflectir, tendo como objectivo a consolidação sustentável da economia”, e perguntou: “De que forma e que contributo pode o empreendorismo social dar para a recuperação da economia nacional e a melhoria da situação social?” A resposta saiu pronta. “Isto não significa, de todo, que o Estado não tenha um papel fundamental no apoio social às populações. Nem, tão-pouco, que as organizações assistencialistas sejam obsoletas – o Estado social, como o apoio social de emergência, são essenciais para as populações. Não há confronto entre o Estado social e as IPSS”.

A “falta de oportunidades em Portugal”, que leva à saída de pessoas com talento, foi abordada na sessão, tendo Cavaco perguntado: “Como evitar o êxodo do talento? Através do empreendorismo (…)?”. E prosseguiu: “Qual a importância que as indústrias criativas poderão ter para o desenvolvimento do mercado empresarial, nomeadamente em áreas relacionadas com o ‘design’ em sentido lato e, mais concretamente, com o ‘design’ industrial e de produto?”

Surpreendido “pela positiva” com as respostas dos grupos de trabalho aos desafios que lhes lançou, o Presidente da República destacou alguns dos projectos e disse que “foi com orgulho” que ouviu os testemunhos de quem no dia-a-dia beneficia deles.

O dia começou com uma visita às instalações da Associação Cais, na Baixa do Porto, criada para apoiar pessoas em situação de sem-abrigo na construção de um novo projecto de vida. Trabalha com e para pessoas, colaborando na recuperação da sua autonomia e integração. Cavaco gostou do que viu e elogiou o trabalho feito por esta associação, que, em 2012, foi galardoada com o Civil Society Prize, do Comité Económico e Social Europeu, pelos seus projectos de empregabilidade social.

Depois, assistiu à apresentação de projectos de empreendorismo social, na Universidade Católica, e, a seguir, visitou os Serviços de Assistência Organizações de Maria (SAOM), onde decorreu uma reunião de trabalho com empreendedores sociais de todo o país.

O testemunho de Ana Quintas, uma empreendedora social de Carcavelos, surpreendeu toda a gente ao revelar que vendeu a sua própria casa para fazer um projecto de combate à obesidade nas escolas.

À tarde, o Presidente da República incluiu na sua agenda uma visita à casa do cineasta Manoel Oliveira, na Foz, para o felicitar pelos seus 105 anos, feitos na quarta-feira.

“Manoel de Oliveira é um exemplo para todos os portugueses. Não apenas porque é o nosso maior cineasta, reconhecido internacionalmente, mas também porque é um homem de grande dedicação ao trabalho e à arte, e muito tem contribuído para a projecção da cultura portuguesa”, declarou.

Lado a lado com Manoel de Oliveira, o Presidente da República revelou que um dos temas de que falaram tem a ver com o filme que o realizador pretende fazer. “Disse-me que as coisas estão bem encaminhadas. Espero que sejam resolvidas a seu gosto”, acrescentou.

 
 
 

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