Passos Coelho exclui PS da negociação de um programa cautelar

Primeiro-ministro usa como argumento o facto de essa protecção ter a “duração de um ano”.

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Passos Coelho deu a sua quinta (ou sexta) entrevista televisiva desde que é primeiro-ministro Daniel Rocha

Na prática, o primeiro-ministro prescinde do principal partido da oposição na negociação com a troika de um eventual programa cautelar.

Com o argumento de que esse tipo de acordo teria uma vigência limitada no tempo, Pedro Passos Coelho deu a entender, esta quinta-feira, que não conta com o PS.

"Um programa cautelar, se vier a ser adoptado, tem a duração de um ano, o que cabe perfeitamente naquilo que é o mandato deste Governo e da maioria que o suporta, que vigorará até às próximas eleições legislativas, que ocorrerão, dentro das circunstâncias normais, que eu espero que se verifiquem, em Setembro de 2015. Ora, não há nenhuma razão, nessa medida, para que um programa que cabe dentro da execução do mandato do Governo tenha de ter como exigência o apoio do principal partido da oposição”, disse numa entrevista à TVI e TSF.

Pedro Passos Coelho ainda ressalvou que a maioria tentaria envolver o PS num eventual programa cautelar e até mesmo noutras matérias. "É importante que possa existir sobre o futuro, sobre o médio e o longo prazo, um entendimento o mais alargado possível entre as principais forças políticas que têm vocação de Governo", acrescentando: "Nessa medida, nós nunca deixaremos de procurar o envolvimento do PS, de modo a garantir que qualquer programa que vier a ser realizado, se vier a ser realizado, resulte de um entendimento tão alargado quanto possível".

Ainda sobre a hipótese de um novo pacote de assistência, o primeiro-ministro acrescentou que contava com o arranque das negociações sobre esse tema nos próximos meses. Admitindo como possível tanto a saída sem qualquer apoio adicional, como um eventual programa cautelar. "Não excluo nenhuma e não quero estigmatizar nenhuma", afirmou antes de lembrar que uma decisão desse nível teria sempre de ser concertada com os parceiros internacionais tendo em conta "uma avaliação rigorosa do interesse nacional". Mas assumiu uma postura mais optimista ao garantir ter a convicção de que o seu Governo "criou resultados que dispensam um segundo programa de resgate".

A ideia foi repetida ao longo da entrevista, com o primeiro-ministro a reclamar louros por essa situação. “Estou em condições de dizer aos portugueses que ao longo dos últimos dois anos e meio conseguimos um resultado que dispensa um segundo programa”, disse o social-democrata. Sobre o trabalho do Governo, o chefe do Governo acrescentou mesmo que as reformas levadas a cabo no seu mandato tinham tornado a economia portuguesa “mais aberta, exportadora e capaz de conquistar quotas de mercado no exterior.”

Sobre os próximos embates eleitorais, o também presidente do PSD admitiu a possibilidade de se confirmar uma coligação com o CDS nas próximas legislativas de 2015. “Pode acontecer, não é uma decisão que esteja tomada. Não seria um facto que causasse estranheza. Seria natural que assim acontecesse. Mas não estou a dizer que isso vá acontecer. Não vejo necessidade de estar a criar problemas ao dr. Portas, assim como não vejo necessidade de o dr. Paulo Portas criar problemas ao PSD”, disse. O tema das coligações levantou polémica no seio do CDS, com alguns centristas a questionarem até a já anunciada coligação para as eleições europeias. Em relação às quais Passos Coelho reiterou a intenção de concorrer em conjunto com o seu parceiro de coligação governamental.

Esta foi a quinta entrevista do primeiro-ministro a um canal de televisão em dois anos e meio de Governo. Ou a sexta, se se incluir o polémico programa da RTP1 O País Pergunta, que no início de Outubro colocou Pedro Passos Coelho frente-a-frente com um grupo de portugueses que lhe dirigiram 20 perguntas.

A primeira entrevista do chefe de Governo foi à RTP1, mas a mais vista foi a de há um ano, à TVI, com 1,36 milhões de espectadores.

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