A culpa é nossa

No PÚBLICO de anteontem, Alexandre Martins contava como a Google, a Apple, a Facebook, a Twitter, a Microsoft e a Yahoo tentaram criar uma "aliança improvável" contra a espionagem em larga escala da NSA dos EUA, "com receio do impacto económico da perda de confiança dos utilizadores". Escreveram uma carta aberta a Obama.

Foram inspirados, com certeza, pelas centenas de escritores que num abaixo-assinado que poderia ter sido mais bem escrito (é o que dá quando não escrevem sozinhos) se insurgiram contra o constante escrutínio a que todos estamos sujeitos. É verdade que a vigilância é um roubo.

Mas que não se façam de santinhas as mega-empresas que escreveram a Obama. A carta aberta diz-nos muito que não mencionaram. A primeira é óbvia: por que é que aquelas empresas se dedicam a guardar e a coligir todas as nossas comunicações e todos os nossos dados?

Se não fossem tão açambarcadoras, não seriam tão apetecíveis e vulneráveis aos espiões americanos. Os primeiros espiões são a Google, a Facebook e todos os outros.

Imaginemos que um grupo de psicopatas arranjava maneira de roubar todos os nossos dados da Google e companhia e depois começava a perseguir as minorias de que não gostava. O roubo não é fácil, mas é tecnicamente possível: os dados estão lá e o poder de quem os tem é automático.

Somos nós que temos de deixar de colaborar com essas empresas que colaboram com os espiões. Somos nós os informadores. Somos nós a raiz do mal. E agora?

 
 
 

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