Os Improváveis casam a dobragem à arte de improvisação

O grupo de improvisação Os Improváveis deu vozes aos protagonistas do filme de animação A Revolta dos Perus , realizado por Jimmy Hayward ( Horton e o Mundo dos Quem!) que foi para as salas portuguesas esta quinta-feira.

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Não sabiam como mas estavam determinados a fazê-lo. “Já que temos de interpretar perus, vamos passar o dia no meio de perus e ser perus por um dia!”, foi esta uma das primeiras ideias que os Improváveis tiveram quando foram convidados para serem as vozes do filme de animação A Revolta dos Perus , contou ao PÚBLICO Pedro Borges, um dos três actores do grupo de teatro Os Improváveis.

Todavia, ainda teriam de convencer um criador dos perus para alinhar na brincadeira que seria filmada para promover o filme. “A certa altura o senhor, que não estava habituado a ter visitas, achou tanta graça [à nossa ideia] que deixou os perus andarem connosco em liberdade e temos horas de filmagens disso”.

Marta Borges, outra das actrizes de Os Improváveis, adora animais. “Mas quando vi mil e tal perus juntos, sem saber se a reacção deles seria hostil ou pacífica, isso inquietou-me”, disse a actriz ao PÚBLICO que acabou por perceber que afinal eram animais dóceis. No entanto parte do seu dia-a-dia é trabalhar com o imprevisto e, com mais de 400 espectáculos já feitos nos últimos cinco anos, Marta Borges admite que poderá não ter sido a primeira vez que fez de peru apesar de ser de ser a primeira que fez de peru no meio deles.

Para além do vídeo promocional acima referido, este grupo de improvisação, sediado em Lisboa, fez algo de inédito. Integraram a arte de improvisação na dobragem das vozes protagonistas do filme de animação A Revolta dos Perus. “Não achámos que seria uma tarefa impossível quando vimos que o filme era sobre um peru que viajava no tempo dentro de uma cápsula”, contou Telmo Ramalho, o terceiro actor do grupo, confiante quando lhe perguntámos qual a sua reacção depois de ler pela primeira vez a sinopse do filme onde teriam de improvisar. “Nos nossos espectáculos, a nossa mente viaja muito e é muito aberta a esse tipo de situações [de improviso].”

Juntos, os três actores, fazem espectáculos desde 2008. Todos em torno da improvisação, mas nem todos necessariamente associados à comédia. “Para nós o improviso não é sinónimo de galhofa ou stand-up comedy”, diz Marta Borges. “Para nós, o improviso é a forma quase exclusiva com que gostamos de trabalhar.” Como acontece no espectáculo “Peças de Improviso”, onde os Improváveis constroem uma peça com duração de uma hora a partir de sugestões iniciais do público. São peças criadas de raiz, uma forma de interpretação que o próprio grupo admite não haver muitos a fazê-la. “Neste momento, somos os únicos a fazer peças improvisadas de raiz em Portugal e no mundo são pouquíssimos os que ainda o fazem.”

Com espectáculos semanais em Lisboa, workshops abertos e com algumas actuações internacionais Os Improváveis foram gradualmente criando um público fiel. “Já tínhamos feito um espectáculo para a Zon e pouco depois muitos deles já eram espectadores regulares nos nossos espectáculos”, disse Marta Borges ao PÚBLICO. “Eles sabiam que nós alinharíamos em algo completamente diferente daquilo que já tinha sido feito antes. Quando a Zon Lusomundo nos enviou o convite, agarrámos logo!” 

O filme A Revolta dos Perus na versão original , cujo elenco é composto por Owen Wilson, Amy Pohler e Woody Harrelson, também já tinha utilizado a improvisação na dobragem. Foi por isso que a distribuidora portuguesa convidou Os Improváveis para darem voz aos protagonistas na versão em português. “Os actores da versão original também trabalharam muito com improviso. A Amy Pohler esteve numa escola por onde passámos também nos Estados Unidos”, refere Marta Borges. A escola a que se refere a actriz é a Second City, escola de comédia de improvisação em Chicago onde Marta teve formação tal como outros comediantes de renome como Stephen Colbert e Tina Fey ou actores como Bill Murray, Jim Belushi e Dan Aykroyd.

Embora com um portfólio bem preenchido na vertente da improvisação, a passagem de Os Improváveis pela dobragem ainda só passava pela televisão em programas como Patetas do Espaço, Martim Manhã e Capitão Tsubasa ou “tipo Panda e afins”, como os descreve Marta Borges .
“Foi a primeira vez [que fiz dobragem] para o grande ecrã”, disse Pedro Borges. “Uma pessoa consegue improvisar dentro daquilo que o guião e a boca do boneco permitem”, explicou Marta Borges referindo-se às técnicas de improviso usadas na dobragem do filme. “Mas se não nos derem um limite de paragem, conseguíamos prolongar o filme mais quatro ou cinco horas e mesmo assim arranjaríamos forma de continuar”, acrescenta. “O mais importante disto tudo era divertirmo-nos”, confessa Telmo Ramalho.


Ainda em Dezembro, Os Improváveis têm três espectáculos no Teatro A Barraca, em Lisboa, marcados para dia 13, 14 e 15. No dia 13 farão a Peça de Improviso e no dia 14 o espectáculo habitual Os Improváveis. A actuação de dia 15 será uma matiné especial para os mais novos.


 
 
 
 
 
 
 
 

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