Sempre livres

Os Loosers estão diferentes, os Loosers estão iguais a si mesmos

Os maravilhosos e saudosos Loosers estão de volta e a formação renovada dos lisboetas não deve assustar ninguém: quem neles encontrara um reduto de liberdade total dentro das formas do rock, voltará a fazê-lo neste regresso aos discos. Sentimo-lo logo em Curious restricted, Loosers vintage (passe a heresia de colar este epíteto a uma banda em mutação constante): uma linha de baixo sustenta a jam movida pelos ritmos quebrados da bateria, instituição do grupo. A guitarra bafeja tudo com ondas de delay benigno. Mas é na faixa seguinte, Friends, que confirmamos que estamos perante mais um grande disco dos Loosers: é uma massa onde se diluem guitarra encantatória, arpejos de sintetizador, bateria ao mesmo tempo subtil e possante e a voz, a bela voz do novo membro Jerry The Cat, entre o canto e o spoken word.Sound infected lembra os Loosers que, no passado, se aproximavam do que outros espíritos livres, como a No-Neck Blues Band e os Sunburned Hand of the Man, faziam: música que foge dos padrões da música ocidental sem ser música de lugar nenhum (um psicadelismo global, primordial). Mas há uma nova urgência rock, que se sente de forma ainda mais evidente em My bad, com riff de guitarra blues pesadíssimo a dar o mote para um bacanal eléctrico em que Jerry The Cat parece um pastor tresmalhado.

Os Loosers estão diferentes, os Loosers estão iguais a si mesmos. Com Bomb the bass trocam-nos as voltas e lembram as raízes da banda: uma batida electro simples faz a cama para as deambulações da convidada Diamond Dancer, que presta tributo a músicos e outras personagens do imaginário colectivo, “pessoas que mudam vidas”. Your legacy lives, declara Diamond Dancer. Os Loosers são prova disso. 

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