Martifer apenas admitia contratar 160 trabalhadores dos ENVC em Setembro

No Parlamento ficou a certeza de que a proposta de subconcessão apresentada pela empresa que a ganhou era modesta no que diz respeito a contratações.

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Vicente Ferreira foi ouvido nesta terça-feira no Parlamento Miguel Manso

A audição parlamentar do presidente da holding Empordef, Vicente Ferreira, ficou marcada pela aparente contradição sobre a disponibilidade da empresa que ganhou a subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em contratar a maior parte dos trabalhadores. Serão 160 ou 400?

A audição até arrancara a favor da maioria quando Vicente Ferreira confirmou a posição de que, durante o ano de 2012, o Governo não transferira para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo qualquer apoio financeiro que pudesse ser entendido como ajuda do Estado.<_o3a_p>

Mas a audição do presidente da empresa que engloba as indústrias de defesa acabou por ficar marcada pela dúvida sobre quantos trabalhadores dos estaleiros que vão ser liquidados até ao final do ano poderão ser absorvidos na nova empresa. <_o3a_p>

Foi o deputado socialista Marcos Perestrello quem, durante a audição, recuperou a proposta da Martifer para o concurso de subconcessão, entregue em Setembro, onde se podia ler que “os postos de trabalho poderão atingir os 120 nos primeiros três anos de actividade", mais 40 em “actividades de suporte”.<_o3a_p>

Uma previsão modesta que a proposta justificava com o facto de a Martifer prever “numa primeira fase” dedicar-se apenas “em exclusivo à reparação naval” em Viana. Deixava de fora, nos primeiros tempos, a possibilidade de construir navios de raiz naquelas instalações.<_o3a_p>

A deputada social-democrata Mónica Ferro alertou para a possibilidade de ter existido uma “evolução” nas expectativas de produção, nas últimas semanas, por parte da Martifer. Isto, porque desde que a subconcessão foi anunciada, o ministro da Defesa admitiu a eventualidade de a empresa privada poder contratar 400 dos trabalhadores da ENVC. E de o próprio responsável da Martifer dizer que esse número poderia subir até aos mil no futuro.<_o3a_p>

Posições bem mais optimistas do que as expressas pela Martifer no concurso. Nesse documento, de que partes foram disponibilizadas durante a audição, a empresa reconhecia também que o plano de investimento inicial teria de ser limitado, dado o recurso ao financiamento estar “limitado”. Apontava para os 3,4 milhões de euros de investimento em equipamentos básicos e de transporte, ferramentas e recuperação de edifícios.<_o3a_p>

Mas noutros aspectos falhou o argumentário socialista na batalha política sobre as responsabilidades para o fracasso económico dos estaleiros – nomeadamente sobre se o actual Governo recorrera – tal como o anterior – a ajudas do Estado para suportar os ENVC.<_o3a_p>

Em causa estavam cerca de 101 milhões de euros vertidos para contrato durante 2012. Ferreira, depois de questionado pelo social-democrata Carlos Abreu Amorim, garantiu que o Estado não colocara "um cêntimo a mais" nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e que as verbas transferidas visavam assumir compromissos do anterior Governo PS. "A Empordef foi assumir o que já estava assumido com cartas de conforto. Se a ajuda de Estado existiu, ela foi assumida quando foram escritas as cartas de conforto", disse.<_o3a_p>

Durante a audição, Vicente Ferreira sustentou que “a machadada final” na empresa ocorreu com a recusa do navio Atlântida por parte dos Açores por ter feito disparar a dívida da empresa para os 150 milhões, com a devolução de 70 milhões à entidade açoriana que negociara a construção. <_o3a_p>

O gestor acrescentou depois que os danos na imagem da empresa provocados pela devolução e as dificuldades financeiras que daí decorreram contribuíram até para travar potenciais negócios durante o ano de 2012.

Em resposta à deputada do PCP Carla Cruz, que perguntara se a Empordef tentara captar negócios para os ENVC, Vicente Ferreira lembrou uma visita do gabinete de projecto do Rio de Janeiro da Armada brasileira, que se deslocou a Viana para estudar a possibilidade de contratar a construção de dois navios de patrulha oceânicos semelhantes aos recentemente construídos para a Marinha Portuguesa. E o contacto com uma missão da Fincatieri para estudar uma parceria tecnológica e acesso a outros mercados. Essas tentativas fracassaram devido ao “deficit de imagem terrível” que os estaleiros já tinham. <_o3a_p>
 
 
 

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