Acesso à Torre de Belém melhorado com novo passadiço

Estrutura é feita de madeira e substitui antigo passadiço de metal.

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Bruno Almeida

Não se viam muitas pessoas junto à Torre de Belém, na manhã de terça-feira, em Lisboa. A maioria eram turistas que, de máquina na mão, captavam a paisagem sobre o Tejo. Ao passar pelo novo passadiço, que dá acesso à entrada do monumento, ainda se sentia o cheiro a madeira fresca. A estrutura, forte e convidativa, inaugurada na terça-feira, contrastava com os destroços do antigo passadiço, de metal enferrujado, que ainda se encontravam por remover logo ali ao lado.

O problema persistia há muito tempo. A estrutura metálica que dava acesso à Torre de Belém, montada a título provisório em 1998, aquando dos trabalhos de conservação e restauro das fachadas do monumento, encontrava-se muito degradada.

Por esta razão, foi agora substituída por um passadiço de madeira de azobé – uma madeira africana densa e resistente – que, segundo a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), é “adequada às condições atmosféricas e do mar”, assim como ao “eventual ataque de xilófagos marinhos”, organismos que perfuram e deterioram a madeira.

O investimento, de 154 mil euros, incluiu também a limpeza do lago que passa por baixo do passadiço, a reactivação das comportas, a reparação dos blocos de pedra, que formam um pequeno anfiteatro em frente ao monumento, e a construção de uma rampa de acesso para deficientes motores.

“Estava muito degradado e tinha um aspecto horrível”, comenta Luísa Alves, que trabalha no café do Museu dos Combatentes. “Assim está melhor”, assegura.

O "relvado de terra batida"
O novo passadiço, mais curto que o anterior, foi direccionado para o caminho do jardim em frente à torre, que apresenta um aspecto mais cuidado do que há alguns meses e parece ter sido sujeito a uma intervenção.

“Foi neste Verão. Andaram aí dois meses seguidos a tratar da relva e do sistema da água, que não havia”, recorda Luísa Alves.

Também Vanessa Fernandes, empregada do café River Cruises, confirma o sucedido. “Estiveram a arranjar há três ou quatro meses. Isto era tudo terra batida”, conta.

Há quatro anos que o relvado em frente à Torre de Belém tinha praticamente desaparecido. Tudo aconteceu depois de se ter colocado uma enorme tenda naquele espaço para acolher as cerimónias relacionadas com a Cimeira Ibero-Americana, que se realizou entre 30 de Novembro e 1 de Dezembro de 2009, acolhendo chefes de Estado e de governo de 21 países.

Três meses depois, quando foi retirada a tenda, o jardim estava completamente danificado e aquilo que era um manto verde tornou-se, rapidamente, num deserto de terra batida, sobretudo, devido ao sistema de rega, que ficara destruído quando foi colocada a estrutura para receber o encontro.

O problema foi quando se começaram a atribuir as responsabilidades do que aconteceu e surgiu a dúvida sobre quem deveria pagar a factura e proceder à reparação do espaço, outrora verde. Por um lado, o terreno pertencia à autarquia. Mas, por outro, a Câmara de Lisboa tinha-o cedido ao Governo para que este organizasse a cimeira no local.

O assunto arrastou-se durante anos e o jardim fronteiro à Torre de Belém continuou sem ser recuperado. No entanto, esta situação parece ter sido finalmente resolvida, uma vez que o relvado, embora não apresente o aspecto bem cuidado que tinha antes da cimeira, está minimamente arranjado.

“Todos os dias de manhã está aqui alguém da câmara. Vê-se que há cuidado, mas passa aqui tanta gente que é difícil manter”, refere Vanessa Fernandes.

Resta saber, afinal de contas, quem pagou a conta. O PÚBLICO questionou a Câmara de Lisboa para saber se tinha sido a autarquia a proceder à reparação do jardim, mas não obteve resposta.
 
 
 

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