A Sexta de Bicicleta de Cristina Almeida Santos

Gosta de pedalar junto ao rio Tejo e sente-se revitalizada sempre que começa o dia de bicicleta. Cristina Almeida Santos é educadora e já passou o prazer de andar de bicla aos miúdos (e família) da creche que dirige

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É directora de creches e jardins de infância há 23 anos e, além de fazer de tudo — incluindo mudar lâmpadas e pregar pregos — não tem receio de inovar. Há um ano iniciou o trabalho na Casa de Infância dos Olivais da Fundação D. Pedro IV e, depois de ver um pai a chegar com os filhos de bicicleta, fez de tudo para provocar uma revolução na mobilidade daquela instituição. No dia seguinte, colocou um aviso à porta a pedir aos automobilistas para deixarem aquele espaço livre para bicicletas. Ao fim de poucos meses, depois de um "workshop" de pais para pais, um cartaz pedagógico desenhado pelas crianças, visitas de estudo para ver bicicletas eléctricas, uma exposição de fotografias de pais, filhos e funcionários a chegar de bicicleta, e muitas conversas de corredor, Cristina tinha contribuído para a geração de um considerável tráfego de bicicletas à porta daquele jardim de infância.

O que te levou a começar a usar a bicicleta para te deslocares?

Prazer em andar de bicicleta, necessidade de descontrair, fazer exercício físico e ser um meio de deslocação ecológico e económico.

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De que forma usas a bicicleta à sexta-feira?

Às sextas-feiras, tento organizar os meus compromissos ao final da tarde, de forma a que possa regressar a casa antes de escurecer, uma vez que o trajecto passa por zonas um pouco isoladas.

O que muda na tua vida nesse dia?

Vou muito mais bem disposta e com uma sensação de que fiz uma boa acção para mim e para o meio ambiente.

Como te deslocavas antes?

De carro ou vespa.

Que tipo de bicicleta ou equipamento?

Tenho duas bicicletas. Iniciei os meus passeios com uma bicicleta dobrável. Neste momento, tenho também uma bicicleta normal de "cross-country", que me facilita as deslocações.

Alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?

O mito do cansaço no início do dia. Quando comecei a deslocar-me de bicicleta julguei que iria começar o dia cansada. Mas, muito pelo contrário, revitalizo. O mito do perigo também esteve presente mas, efectivamente, quando estou a pedalar não sinto nenhum! O mito das subidas, mas aprendi que as subidas são obstáculos que podem ser ultrapassados. Outra dificuldade foi o parqueamento das bicicletas em casa. Hesitei um pouco, mas não resisti e retirei uma cómoda e um canapé de palhinha da entrada da casa e agora tenho lá três bicicletas! O mito ainda não vencido na totalidade é o do vestuário: há certas roupinhas que não se podem usar… Vaidades!

O que poderia melhorar nos percursos que realizas?

A nova ciclovia na avenida do Infante D. Henrique, em Lisboa, é um espectáculo! Penso que poderia haver mais cartazes espalhados pela cidade, de forma a sensibilizar os condutores de carro de que os ciclistas também possuem direitos para circular na via pública à velocidade que é possível e de acordo com o legalmente previsto. Criar uma plataforma para denúncia das falhas nas ciclovias ou outras por parte dos ciclistas.

Um momento em que te sentes bem a andar de bicicleta?

Quando faço o trajecto junto ao Tejo agradeço sempre a visão do rio prateado! Considero uma bênção a possibilidade de me poder deslocar de bicicleta e desfrutar daquela paisagem. Inicio o meu dia de trabalho com uma atitude bem disposta e de alma cheia. Faz-me muito bem! É uma grande ajuda no combate ao stress e dá-me um espírito optimista no dia-a-dia, que partilho com a minha comunidade educativa.

Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?

António Costa, para poder desfrutar de todas as vantagens das novas ciclovias.

O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na cidade é impossível?

Por favor, pede uma bicicleta emprestada e experimenta!

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