Vodafone Mexefest: ainda é sábado e já valeu a pena

Há várias coisas que podem transformar uma noite fria numa sexta-feira quente. Ontem, primeiro dia do Mexefest, foi a música

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Miguel Manso

Se o Vodafone Mexefest prometia ter música para todos os gostos e trazer à capital portuguesa mais de 50 artistas, a verdade é que depois da noite de sexta-feira há quem já tenha ficado satisfeito. Não há dúvidas de que alguns artistas, sozinhos, fazem um festival.

Foi o caso de Woodkid, o projecto do francês Yoann Lemoine, que se estreou em Portugal e encheu o Coliseu dos Recreios num espetáculo admirável de luzes, imagem e um poderoso e imponente som. O agora músico que iniciou carreira atrás das câmaras -como produtor e realizador de vídeos – trouxe a Lisboa uma actuação que se dividiu entre músicas do EP "Iron", lançado em 2011, e o álbum “The Golden Age” que saiu este ano.

Uma orquestra moderna, um líder visivelmente entusiasmado com a adesão da audiência à sucessão de músicas cuja batida se conjugava com as luzes e com as imagens projectadas na parede anterior do palco e os sempre bem recebidos desabafos - “This is a very fancy place to play in” ou “I Love you in a different way”, em referência ao aclamado single “I Love You”. Uma boa conjugação.

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Savages Miguel Manso

O público ficou preso ao suspense cinematográfico que caracteriza Woodkid e, ávido por mais, teve direito a encore (o que ninguém se lembra de ter acontecido na última edição do festival) com as músicas “Run Boy Run” e “The Other Side”. No mesmo palco já tinham estado as londrinas Savages. Jehnny, Ayse, Gemma e Fay, o quarteto de miúdas que tem tanto de feminino como de pop (nada, sem ofensa) ofereceu ao público rock puro e duro, tão bem concebido como apresentado.

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Glasser Miguel Manso

A banda conta apenas com um álbum de estúdio, “Silence Yourself”, lançado este ano, e o público mostrou conhecer, e apreciar, o trabalho da banda. “I see some happy faces”, disse Jehny antes de anunciar que iriam tocar “She Will”, uma das faixas do álbum, e do concerto, que pôs o público a abanar joelhos e cabeça.

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Woodkid Miguel Manso

Um "after" no Ateneu

Com lotação esgotada esteve o norte-americano John Grant no Cinema São Jorge. Os lugares eram sentados mas músicas como "Black Belt", do recente álbum “Pale Green Ghosts”, obrigaram o público a curtir o som em pé. A actuação altamente aplaudida de Grant oscilou entre as batidas e as baladas, das quais é impossível não destacar “Where Dreams Go To Die”, com o músico ao piano e o público comovido.

Em modo disco, ou mesmo “after”, esteve, até cerca das duas da manhã, a sala SBSR do Ateneu Comercial de Lisboa, com um dj set o produtor André Allen dos Anjos – RAC – que, depois de ter remisturado mais de 200 músicas, lançou este ano um EP com quatro temas originais. Uma aposta de origem nacional a vingar lá fora e cá dentro.

Glasser e Wavves foram outros dos nomes que chamaram mais público, mas os horários nem sempre conciliáveis, as filas intermináveis na casa de banho e os bares tão lotados como as salas de espetáculos não facilitam o trabalho dos ouvidos.

Sexta já foi bom mas este sábado há mais para ver e ouvir na Avenida da Liberdade e arredores.

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