A Sexta de Bicicleta de Ana Poças

Vendeu o carro e passou a usar a bicicleta no dia-a-dia — não precisa de procurar estacionamento e quase sempre chega a horas. Ana Poças trabalha no Laboratório Nacional de Engenharia Civil e ainda usa a bicla que a avó que lhe deu quando tinha 10 anos

João Barreto
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A Ana pedala diariamente para o trabalho. A viagem relaxante também é útil para ir reflectindo sobre o doutoramento que faz no Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Uma da vantagens óbvias é não ter de andar à procura de estacionamento e conseguir chegar quase sempre a horas. Vive em Lisboa mas ficou fã da bicicleta na Holanda. Antes disso deslocava-se de carro na maior parte dos trajectos. Já em Portugal, depois de ter ido a uma Massa Crítica, vendeu o carro e a bicicleta passou a fazer parte do seu dia-a-dia. Espera um dia ter filhos e ir viajar com eles de bicicleta.

De que formas usas a bicicleta à Sexta-Feira?

Utilizo a bicicleta principalmente para ir trabalhar e para deslocar-me em Lisboa, seja para ir ter com amigos, para ir a um café ou para fazer compras. Não o faço exclusivamente à sexta-feira, mas esse dia tornou-se mais especial desde a iniciativa da MUBi do “Sexta de Bicicleta".

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O que muda na tua vida nesse dia?

A sexta-feira é um dia especial para todos porque no regresso entramos no fim-de-semana. Mas desde que surgiu a iniciativa da MUBi do “sexta de bicicleta” que sinto um incentivo maior em levar a bicicleta para o trabalho e, ao final do dia, em ir beber um café ou jantar a um sítio especial. Também gosto de ver bicicletas passar e de imaginar que os outros ciclistas estão a ter uma sexta “diferente”.

Que tipo de bicicleta ou equipamento?

A bicicleta que utilizo mais frequentemente foi-me dada pela minha avó quando tinha 10 anos. Quando decidi utilizá-la como meio de transporte, fiz-lhes as devidas transformações e agora parece-se com uma “pasteleira”. Tenho ainda uma dobrável que trouxe da Holanda como recordação e mais recentemente comprei uma bicicleta de estrada. É verdade que são muitas bicicletas, mas só o que não gasto com o seguro, selo e em gasolina compensa-me.

Alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?

Em Lisboa venci o mito de que andamos todos os dias colina acima, colina abaixo. A verdade é que Lisboa tem muitos sítios planos e, na maioria dos casos, os trajectos não incluem mais do que uma ou duas subidas. Também aprendi que, com uma bicicleta adequada e quando andamos mais frequentemente de bicicleta, as subidas deixam de ser um problema. Para além disso, normalmente há caminhos alternativos e que são mais simpáticos para as pernas.

O que poderia melhorar nos percursos que realizas?

Nalgumas partes do percurso, seja pelas descontinuidades das ciclovias, seja pelas avenidas em que a velocidade dos automóveis está acima dos 50 km/h, vejo-me obrigada a escolher fazer alguns desvios pelos passeios. Estes desvios, ainda que com a bicicleta na mão, são invasivos para peões e incómodos para os ciclistas.

Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?

Na altura em que foi lançado o programa bikebuddy, a MUBi ofereceu-se para acompanhar António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, no seu novo trajecto (na altura em que foram feitas as obras no Intendente). Sendo que isso não chegou a acontecer, imagino que por falta de oportunidade, sempre foi uma das pessoas que eu gostaria de ver andar de bicicleta regularmente por ser presidente da Câmara de Lisboa.  

O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na tua cidade é impossível?

Pergunto se já experimentaram e se não gostariam de fazer a experiência.  É que muitas das pessoas que não experimentaram andar em Lisboa, fazem-no naturalmente noutras cidades europeias que, apesar de não terem declives, têm imensos peões a circular, eléctricos e autocarros, o que pode requerer maior atenção por parte de um ciclista que não pedala regularmente na cidade. Sinceramente, nunca considerei que fosse impossível.

Um momento em que te sentes mesmo bem a andar de bicicleta.

Acho que me sinto sempre bem a andar de bicicleta, até à chuva. Mas gosto especialmente de ir de bicicleta para um jardim de Lisboa, para depois parar, ler um livro e beber um café.


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