CMVM manda liquidar fundo “falido” gerido e financiado pela CGD

Com dívidas à banca de 100 milhões, o Fundolis, ligado ao empresário Eduardo Rodrigues, da construtora Obriverca, tem uma situação negativa de 45 milhões de euros.

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CGD, tal como o BES, é credora do fundo Gonçalo Português

A CMVM ordenou o fecho do fundo imobiliário Fundolis, gerido no universo da Caixa Geral de Depósitos, por apresentar uma situação líquida negativa de cerca de 45 milhões de euros.

O fundo pertence ao empresário Eduardo Rodrigues, ligado à construtora Obriverca, e tem um financiamento de 100 milhões de euros com exposição à CGD e ao BES.

O PÚBLICO apurou que a decisão de mandar liquidar o fundo de investimento imobiliário Fundolis, gerido pela Fundger (Ex-Fundimo), foi comunicada à sociedade gestora de fundos de investimento da CGD nos últimos dias. Mas a decisão de Carlos Tavares, que lidera a CMVM, que supervisiona a actividade dos fundos de investimento mobiliários e imobiliários, já era esperada desde o Verão, dada a situação financeira deficitária do Fundolis (45 milhões negativos).

Segundo a documentação a que o PÚBLICO teve acesso, a dívida do Fundolis ao sector financeiro é de 100 milhões de euros, com a CGD e o BES a serem os grandes credores. Os bancos arriscam agora perder parte do que emprestaram.

Constituído a 12 de Janeiro de 2006, com duração inicial de 10 anos, prorrogáveis por mais cinco, o Fundolis é um fundo fechado, de subscrição particular, e com três participantes iniciais, entre eles Eduardo Rodrigues, que acabaria por reforçar a sua posição.

O património do Fundolis está concentrado em dois activos: um terreno, com 106.420 metros quadrados, pertencente à antiga Sociedade Nacional de Sabões (SNS), que na altura da aquisição estava em processo de liquidação; e um empreendimento para habitação situado em Vila Franca de Xira. Para além do Fundolis, a Obriverca está ligada a mais dois fundos geridos pela CGD, o Beira Fundo (12 milhões de euros) e o Lisfundo (cinco milhões), ambos em situação financeira positiva. O grupo empresarial de Eduardo Rodrigues apresenta responsabilidades com a banca superiores a 900 milhões de euros.

Dois meses depois do fundo ter sido constituído, a Fundger e Eduardo Rodrigues (ex-sócio de Luís Filipe Vieira) surgiram envolvidos em polémicas. Em Março de 2006, uma sociedade que lhe pertencia, a Lismarvila, vendeu ao Fundolis, por 56,5 milhões de euros, 60% dos terrenos (cinco parcelas de terreno com 106.420 metros quadrados) da antiga Sociedade Nacional de Sabões. Na altura, a Fundger alegou, para comprar os terrenos, a aprovação do loteamento por parte da CML. Mas meses depois de o negócio ter sido concretizado a autarquia revogou a decisão com a justificação de que o traçado do TGV atravessaria a propriedade. 

As cinco parcelas de terrenos integravam uma propriedade maior de quase 180 mil metros quadrados, adquirida pela Obriverca (Lismarvila) à SNS, entre 2001 e 2004, no âmbito do processo de falência da empresas de sabões. 
 
 
 
 

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