António Reis, Béla Tarr e Ben Rivers este fim-de-semana no Centro de Arte Moderna

O diálogo aventureiro entre os curadores Haden Guest e Joaquim Sapinho cruzou o cinema contemporâneo do mundo

Fotogaleria
Cavalo de Turim, de Béla Tarr
Fotogaleria
Cavalo de Turim, de Béla Tarr
Fotogaleria
O realizador Béla Tarr
Fotogaleria
Os realizadores António Reis e Margarida Cordeiro
Fotogaleria
Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Cordeiro
Fotogaleria
Two Years at Sea, de Ben Rivers
Fotogaleria
Two Years at Sea, de Ben Rivers
Fotogaleria
Two Years at Sea, de Ben Rivers
Fotogaleria
Ben Rivers

Entropia e Utopia, António Reis e Margarida Cordeiro abre o ciclo Harvard na Gulbenkian. O ponto de partida é Trás-os-Montes (sex., 22, 18h30), e o diálogo abre-se a Two Years at Sea e This is My Land, de Ben Rivers (sáb., 23, 15h), O Cavalo de Turim, de Béla Tarr (sábado, 23, 19h), The Werkmeister Harmonies, de Béla Tarr (dom., 24, 15h) e, de novo, de Ben Rivers, The Coming Race, Ah Liberty, Origin of Species, House of Sack Barrow (dom., 24, às 17h).

É o primeiro capítulo de uma programação que deve mais “a uma espécie de poética do que a uma causalidade racional”, diz Joaquim Sapinho. Reis/Cordeiro a abrir porque Trás-os-Montes (1976) continua a provocar “reverberação”. Foi o filme cuja descoberta do outro lado do Atlântico levou, em 2012, à programação pelo Harvard Film Archive de Haden Guest do ciclo The School of Reis: The Films and Legacy of António Reis and Margarida Cordeiro, que depois percorreu os EUA. Identificava Reis, com as suas aulas no Conservatório e os seus filmes, como a figura de referência para Pedro Costa, Joaquim Sapinho, Manuela Viegas, Vítor Gonçalves ou João Pedro Rodrigues: ou seja, é a figura tutelar para um grupo onde estão os mais proeminentes cineastas portugueses, como escreveu, a propósito de Trás-os-Montes, na revista Artforum, o crítico Dennis Lim, que hoje programa a Lincoln Center Film Society.

Para além de expressar logo uma afinidade electiva, Entropia e Utopia... é o primeiro sinal visível no programa do diálogo, “muito pessoal” (Guest), baseado na “intuição” (Guest e Sapinho), que foram mantendo os dois curadores. Reis, Rivers e Tarr: o segundo, segundo Guest, conhece o filme do primeiro; já “Tarr não viu o filme de Reis, mas vai ver” em Lisboa – a proposta dos curadores testa-se ao vivo, o diálogo de ideias está em aberto, continua. “Ao trazer Rivers e Tarr [a Lisboa, para o debate], a ideia é que eles possam explorar, com Trás-os-Montes, a profundidade dos seus próprios temas: o tempo, a paisagem, o mito popular.”

A programação resulta de um diálogo de ideias, explica Sapinho. Os filmes não foram um ponto de partida, foram um ponto de chegada. Entropia e Utopia porquê? “Porque está tudo a morrer – o Tarr, por exemplo, anunciou que O Cavalo de Turim era o seu último filme; o Rivers filma sobre as margens. E, no entanto, há como que uma comunidade na derrota. Penso que esta entropia está ligada a uma energia, a uma utopia.”

Como para a definição dos restantes capítulos do programa, um determinado conceito foi-se aventurando e acabou a cruzar o cinema contemporâneo: Para Paulo Rocha (13, 14 e 15 de Dezembro) juntará Se Eu Fosse Ladrão Roubava, a derradeira obra de Rocha, com filmes de Nelson Pereira dos Santos e Víctor Gaviria; o diálogo entre Susana de Sousa Dias, Patricio Guzmàn e Soon-mi Yoo faz o fim-de-semana de 10, 11 e 12 de Janeiro (título: A Memória Acredita Antes de o Saber Se Lembrar); Manuela Viegas e Lucrecia Martel cruzarão Glória, A Mulher sem Cabeça e La Niña Santa (Desejo sem Linguagem, 24, 25 e 26 de Janeiro); Manuel Mozos, Martin Rejtman e Denis Côté são a proposta de um Cinema em Tom Menor (14, 15 e 16 de Fevereiro). E, a terminar a primeira vaga da programação, Depois de Vanda, com Albert Serra, Nicolàs Pereda e Tomita Katsuya a dialogarem a propósito de No Quarto da Vanda, o filme de Pedro Costa que vibra neste momento no cinema contemporâneo

Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Cordeiro
 

 
 

Sugerir correcção
Comentar