Antigo CEMGFA diz que não sabia do Fundo do Ultramar, como não sabia da cantina

Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e do Estado Maior da Força Aérea durante a década de oitenta, o militar compareceu perante a comissão de Camarate sem muitos dados a acrescentar.

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O general Lemos Ferreira disse não se recordar de quase nada Rui Gaudêncio

“Não me recordo”. Esta foi a resposta a que o general Lemos Ferreira mais recorreu na sua audição na comissão parlamentar sobre Camarate, que decorreu esta quarta-feira no Parlamento.

<_o3a_p>Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e do Estado Maior da Força Aérea durante a década de oitenta, o militar compareceu perante a comissão sem muitos dados a acrescentar. porque afirmou desconhecer a gestão de vários aspectos da instituição militar, como o Fundo do Ultramar ou a gestão da cantina do Estado-Maior. 

Os deputados pretendiam ouvir o general devido às suas funções de CEMGFA. Foi-o “interinamente”, como frisou, num curto período em 1980 e depois, efectivamente, entre 1984 e 1989. Cargo que lhe permitiu também ter assento no Conselho de Revolução.<_o3a_p>

Sobre o Fundo, insistiu não ter qualquer conhecimento. Justificando essa situação com o facto de não ter responsabilidades directas na sua gestão. Perante a insistência dos deputados, nomeadamente em relação ao período em que foi CEMFA interino, Lemos Ferreira chegou ao ponto de exemplificar porque não tratava de "coisas que não dissessem respeito" à Força Aérea, uma vez que acumulava o cargo de CEMGFA com o de Chefe de Estado Maior da Força Aérea. Rematou que também desconhecia a gestão de muitas outras coisas, "como a cantina" do Estado-Maior.<_o3a_p>

Momentos antes Lemos Ferreira afirmara aos deputados que, apesar das suas funções, a gestão do Fundo lhe era matéria estranha. "Esse assunto foi sempre uma questão de natureza política e como tal passava ao lado do Conselho de chefes [militares]. O Conselho de chefes não se ia pronunciar sobre questões de ordem política, nunca se pronunciou sobre isso", garantiu. Assegurou ainda não se recordar que qualquer uma das matérias tivesse sido debatida no Conselho de Revolução.<_o3a_p>

Mas sobre esse tema, o general de 84 anos pareceu entrar em contradição durante a audição. Confrontado com o facto de fazer parte daquele órgão quando foi proposto pelo próprio Conselho a extinção do Fundo, acabou por acrescentar que teria votado favoravelmente nessa decisão. <_o3a_p>

Outro momento embaraçoso aconteceu depois de um dos representantes das famílias das vítimas ter questionado o general – com datas, nomes de navios e conteúdos de contentores – sobre a venda de dez helicópteros Alouette para a África do Sul. Reconheceu então ter tido “conhecimento de vendas” para o exterior, frisando no entanto, que a sua participação estava mais relacionada com as questões técnicas do que com as questões políticas do processo.<_o3a_p>
 
 
 
 

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