Salvem os psicoanalistas

Parece impossível juntar todas as associações psicanalíticas de um país. Mas a Bélgica – esse recente e profundamente dividido pseudo-país – conseguiu unir os psicanalistas sérios, imaginativos e relacionais (os freudianos) aos improvisadores místicos e seguidistas (os jungianos e lacanianos).

Que barbaridade juntou gente tão díspar? A estúpida proposta de lei do parlamento federal belga que procura limitar a psicanálise a médicos e psicólogos que sigam um curso de 5400 horas administrado pelas universidades.

Daí a requerer que só os médicos psiquiatras possam praticar a psicanálise (um dos erros castradores dos EUA) vai só um passo de retrocesso medieval. E logo culturalmente desconhecido, ignorante e filisteu.

No Reino Unido experimentaram a mesma gracinha e lixaram-se. Na Bélgica, através da petição que está no http://www.fabep.be, é mais importante ainda denunciar esta regressão.

É preciso reler o curto livro de 1926 do médico e neurologista (mas principal e ultimamente psicanalista) Sigmund Freud intitulado Die Frage der Laienanalyse. Não são os médicos mas sim os psicólogos e não-médicos – com muito mais de dez mil horas como analisandos e analistas –  que ouvem (e compreendem) a diferença.

Os melhores psicanalistas não são médicos nem psiquiatras: são psicoanalistas. 

Temos de salvá-los da nossa doença mental: dos comprimidos e das curas rápidas que garantem darem-nos vida e felicidade, matando-nos por dentro. Não!
 

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