Governo aceita plano de infra-estruturas das comissões de coordenação do Norte e do Centro

Ignoradas num grupo de trabalho criado pelo Governo, entidades regionais fizeram a sua análise das necessidades, que a tutela admite agora acolher.

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O presidente da AIMinho recorda a importância das infraestrturas para a cadeia de exportação das empresas do Norte e Centro de Portugal Fernando Veludo/NFactos

O Governo estará disponível para aceitar as pretensões das Comissões de Coordenação e de Desenvolvimento Regional do Norte e do Centro (CCDR) sobre futuros investimentos em infra-estruturas regionais no âmbito do novo quadro comunitário de apoio.

Esta abertura do Executivo terá estado, segundo adiantaram esta quarta-feira ao PÚBLICO várias fontes, na origem do cancelamento, na passada terça-feira, de uma conferência de imprensa promovida pelas duas comissões de coordenação e por três associações empresariais regionais.

O objectivo da referida conferência era divulgar as propostas a que chegaram àquelas entidades sobre futuros investimentos, tendo em conta que o secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, não incluiu nenhuma das CCDR, nem qualquer associação empresarial de base regional no grupo de trabalho que define os investimentos em infra-estruturas que irão contar com fundos comunitários.

Da responsabilidade da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Associação Industrial do Minho (AIMinho) e do Conselho Regional do Centro (órgão consultivo da CCDRC), o documento, que ontem seguiu para o Governo, conta com a colaboração técnica das duas comissões de coordenação.

Na véspera da conferência de imprensa, o presidente da CCDRN, Emídio Gomes, terá falado com um membro do Governo que lhe terá garantido que as propostas que constavam do documento seriam acolhidas pelo grupo de trabalho, insistindo que o encontro com os jornalistas já não faria sentido. Perante a abertura do governante, Emídio Gomes acedeu a cancelar a iniciativa. A decisão não deixou de provocar algum desconforto entre as entidades participantes.

De resto, o secretário de Estado dos Transportes admitiu que as CCDR manifestaram a sua preocupação pelo facto de não integrarem o referido grupo de trabalho. Este vai produzir recomendações que deverão traduzir-se em projectos de investimentos na rede rodoviária e ferroviária nacional, em propostas para a simplificação administrativa da cadeia logística e formas de aprofundar o princípio do utilizador-pagador. O secretário de Estado garantiu que o grupo podia, em todo o caso, receber os contributos regionais.

Perante esta aparente disponibilidade do Executivo, o presidente da CCDRN, Emídio Gomes, contactou os parceiros envolvidos, nomeadamente o presidente da Associação Empresarial de Portugal, José António Barros, informando-os de que a conferência de imprensa não se iria realizar, mas num primeiro momento não terá adiantado pormenores sobre as razões que levaram ao seu cancelamento.

Na tarde de terça-feira, o presidente da AEP era informado pela CCDRN que a desmarcação do encontro com os jornalistas teve que ver com questões de agenda do Conselho Regional do Centro, o que foi ontem confirmado ao PÚBLICO pelo presidente da AIM, António Marques, que afirmou que “talvez tenha havido uma precipitação na marcação da data da conferência de imprensa”.

“Nem todos podiam estar presentes. O dia não era compaginável com a agenda das pessoas”, sublinhou o empresário, que desvalorizou a desconvocação da reunião com os jornalistas.

António Marques adiantou que o documento, assinado pelos presidentes das três associações empresariais, “está muito completo” e avisou que “não haverá cedências”. “Não vamos ceder um milímetro em relação às necessidades da região nesta matéria e vamos escrutinar com todo o rigor o que vai ser feito”, prometeu o presidente da AIMinho, acrescentando: “Era o que mais faltava que o Governo não ouvisse estas estruturas associativas a dizer do muito que há a fazer em infra-estruturas”.

“Nós entendemos que devemos dar a nossa opinião, tendo em conta que se trata de duas regiões onde os produtos transaccionáveis, ou seja, as exportações, são muito importantes “, conclui António Marques.

Criado em Agosto passado, o grupo de trabalho é coordenado pelo presidente da Associação Industrial Portuguesa - Câmara do Comércio e Industrias, José Marcelino Carvalho, o grupo conta com representantes da Confederação Empresarial de Portugal, Associação Nacional de Municípios Portugueses, Instituto da Mobilidade e dos Transportes, Laboratório de Engenharia Civil, Associação de Portos de Portugal e Estradas de Portugal, entre outras entidades.
 
 

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